Dor de cabeça no TSE, Telegram tem apoio da cúpula da PGR

Aliados de Augusto Aras temem que uma possível decisão do Judiciário produzam efeitos indesejados

Ferreira Gabriel

Publicado em: 26/01/2022 às 12:35 | Atualizado em: 26/01/2022 às 12:35

Uma eventual suspensão do funcionamento do aplicativo Telegram no Brasil encontra resistência por parte de integrantes da cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR).

De acordo com especialistas ouvidos por Veja, a medida pode se revelar inócua e até provocar o efeito contrário, ampliando a desinformação disseminada na plataforma russa.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, pretende discutir a controversa questão com os colegas na semana que vem, com a retomada dos trabalhos da Corte.

Abraçado com entusiasmo pela militância digital do presidente Jair Bolsonaro, o Telegram permite a criação de grupos com 200.000 pessoas e se tornou uma fonte de preocupação para a Justiça Eleitoral, que teme o uso da plataforma para a divulgação de teorias conspiratórias e notícias falsas sobre o processo eleitoral.

Até hoje, o TSE não conseguiu notificar oficialmente a empresa de um ofício assinado pelo próprio Barroso, que solicitava uma reunião para discutir “possíveis formas de cooperação sobre o combate à desinformação”.

Integrantes do TSE já discutem reservadamente a construção de uma saída jurídica para suspender o funcionamento do aplicativo, ainda que prefiram uma solução capitaneada pelo próprio Congresso.

Uma das ideias é a de determinar que o Telegram não pode operar no Brasil enquanto não tiver uma representação em território nacional.

A cúpula da PGR, no entanto, vê com muitas ressalvas uma ofensiva nesse sentido.

“Desinformação se combate com informação de qualidade. O Putin, que não é um democrata, tentou bloquear o Telegram. Censura é igual tabelamento de preços… dá o efeito contrário. Todo mundo quer ver”, avalia um interlocutor do procurador-geral da República, Augusto Aras.

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Foto: Carl Court/Getty Images