Enquanto EUA cancelam, Brasil quer cloroquina para grávidas e crianças
Ministério da Saúde incluiu novos grupos como aptos ao tratamento no dia em que o FDA desautorizou o uso da cloroquina nos EUA

Mariane Veiga
Publicado em: 16/06/2020 às 13:38 | Atualizado em: 16/06/2020 às 13:39
O Brasil decidiu ampliar o protocolo de tratamento com a cloroquina e a hidroxicloroquina nos casos de coronavírus (covid-19).
A intervenção agora alcança gestantes e crianças, ainda que a medida siga sem evidências na efetividade.
A revisão do Ministério da Saúde, com as orientações para o uso na fase inicial dos sintomas, aconteceu no mesmo dia que os Estados Unidos revogou a utilização das drogas.
Dessa forma, por considerar “improvável” os efeitos contra o vírus e acreditar que elas têm o potencial de provocar efeitos perigosos.
Conforme especialistas, o Brasil é o único país a apresentar uma curva acelerada de casos após o quinquagésimo dia de início da epidemia.
Do mesmo modo, o próprio ministério avalia que há um processo de interiorização da doença.
O ministério destacou que o FDA (órgão que regula as ações de saúde nos EUA) considerava o uso em casos graves, embora admita que ainda estudará as conclusões do órgão.
A secretária de gestão na saúde, Mayra Pinheiro, disse que a FDA tomou como base para a decisão estudos de “péssima qualidade”.
Ela também defendeu que a adoção do protocolo em estágio inicial dos sintomas tem reduzido a curva de contágio no Brasil, mas não apresentou dados.
Segundo o órgão, neste momento o país não considera voltar atrás no protocolo, que segue necessitando de consentimento do paciente.
Gestantes e crianças, incluídos agora nas recomendações, passaram a ser classificados como de alto risco.
Segundo Pinheiro, os grupos só passaram a ser incluídos no protocolo porque ainda não havia medidas seguras.
No entanto, os médicos não são obrigados a prescrever a cloroquina, mas passam a ter uma autorização do MS.
“Estamos mais uma vez possibilitando aos médicos oferta de dose segura sem risco”, declarou Pinheiro, sem citar quais estudos dão essa segurança.
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Foto: José Dias/Presidência da República