Ex-delegado no Amazonas incomodou direĂ§Ă£o da PF, que propõe acordo

Um oficial de justiça entregou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com exigĂªncias para que um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) nĂ£o seja aberto contra ele

PolĂ­cia Bolsonaro

Publicado em: 09/03/2022 Ă s 12:40 | Atualizado em: 09/03/2022 Ă s 12:40

O ex-superintendente da PolĂ­cia Federal (PF) no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva foi notificado nesta segunda-feira (07) pela corporaĂ§Ă£o em razĂ£o de uma entrevista dada ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em junho de 2021.

Um oficial de justiça entregou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com exigĂªncias para que um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) nĂ£o seja aberto contra ele. A PF o acusa de nĂ£o ter pedido autorizaĂ§Ă£o para participar do programa.

Como condiĂ§Ă£o para extinguir a apuraĂ§Ă£o, o documento o proĂ­be de dar quaisquer entrevistas e impõe a realizaĂ§Ă£o de um curso de Ă©tica Ă  distĂ¢ncia. Saraiva assinou o recebimento da notificaĂ§Ă£o, mas registrou nĂ£o aceitar as condicionantes. Escreveu “nĂ£o aceito!!” no ofĂ­cio.

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“Logo eu, que nunca fui rĂ©u na vida, agora rĂ©u em uma aĂ§Ă£o por ter falado a verdade”, disse o delegado ao Painel.

O termo Ă© proposto pela SuperintendĂªncia da PolĂ­cia Federal em SĂ£o Paulo, apĂ³s outro procedimento disciplinar sobre o mesmo episĂ³dio ter sido arquivado na SuperintendĂªncia do Amazonas.

Na avaliaĂ§Ă£o de Saraiva, trata-se ainda de um “resquĂ­cio “da gestĂ£o do ex-diretor-geral da corporaĂ§Ă£o Paulo Maiurino, que deixou o cargo no final de fevereiro, sem nenhuma relaĂ§Ă£o com a nova gestĂ£o, de MĂ¡rcio Nunes de Oliveira.

Saraiva esteve Ă  frente da operaĂ§Ă£o Handroanthus, classificada como a maior apreensĂ£o de madeira ilegal da histĂ³ria do paĂ­s, em dezembro de 2020.

Ele foi trocado do cargo de superintendente da PF no Amazonas por decisĂ£o de Maiurino um dia depois de enviar ao Supremo Tribunal Federal uma notĂ­cia-crime contra o entĂ£o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O delegado afirma que jĂ¡ havia recebido um convite para dar entrevista e consultado seus superiores em outra ocasiĂ£o. Diz que, desta primeira vez, recusou a participaĂ§Ă£o apĂ³s ter recebido uma resposta negativa.

Quando o segundo convite foi feito, Saraiva afirma que estava em um limbo, porque nĂ£o estava mais nem na SuperintendĂªncia do Amazonas, nem havia sido lotado ainda no Rio de Janeiro, para onde foi removido. Portanto, nĂ£o caberia a exigĂªncia de autorizaĂ§Ă£o de superior hierĂ¡rquico, sustenta.

AlĂ©m disso, o delegado argumenta que nĂ£o participou do programa como policial federal. “Fui convidado como especialista acadĂªmico em AmazĂ´nia, foi isso que veio em e-mail para mim”, declarou.

Na Ă©poca em que chefiava a superintendĂªncia em Manaus, Saraiva entrou em rota de colisĂ£o com Salles.

O embate teve inĂ­cio apĂ³s o ex-ministro atuar em em apoio a madeireiros alvos de investigaĂ§Ă£o. Em entrevista Ă  Folha na Ă©poca, Saraiva afirmou que na PF nĂ£o passaria boiada, em referĂªncia a expressĂ£o usada por Salles durante reuniĂ£o ministerial em abril de 2020.

Procurada, a PolĂ­cia Federal informou que nĂ£o comenta sobre procedimentos disciplinares em andamento.

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Foto: BNC AMAZONAS