Saraiva, delegado da PF que denunciou ministro, é sabatinado no ‘Roda Viva’
Como superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva denunciou o ministro do Meio Ambiente de obstruir investigação

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 07/06/2021 às 18:23 | Atualizado em: 07/06/2021 às 18:23
O delegado Alexandre Saraiva, que como superintendente da Polícia Federal no Amazonas, denunciou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao STF de tentar atrapalhar investigações e atuar em favor de madeireiros, é o entrevistado de hoje (7) no programa Roda Viva, da TV Cultura.
Antes cotado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, até para diretor nacional da Polícia Federal, Saraiva foi escanteado para o município de Volta Redonda (RJ) depois que peitou Salles.
Portanto, a represália de Bolsonaro o mandou para bem longe da Amazônia e do combate aos crimes ambientais, sua maior especialidade profissional.
Em notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal, em abril, Saraiva apontou ainda o presidente do Ibama, Eduardo Bim, e o senador Telmário Mota (Pros-RR).
Conforme sua denúncia, os três agiram para dificultar a fiscalização do poder público em questões ambientais na Amazônia. Por exemplo, na operação da maior apreensão de madeira do Brasil, a Handroanthus.
Em outra operação, a Akuanduba, é investigada suspeita de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos e Europa.
Nessa ação, Salles foi alvo de busca e apreensão.
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Afastamento negado
Hoje, a ministra Cármen Lúcia negou pedido de afastamento de Salles do cargo. Ao mesmo tempo, mandou a Polícia Federal incluir o presidente afastado do Ibama no inquérito.
Representando a mídia do Amazonas, a banca de entrevistadores terá a presença da jornalista Elaine Farias, da agência Amazônia Real.
Leia mais no blog TelePadi, da Folha.
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Tentativa de tirar Moraes
Em 26 de maio, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, negou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para ele deixar a relatoria do inquérito contra Salles.
Conforme a PGR, o caso deveria ficar com Cármen Lúcia. Isso porque ela já é relatora de duas notícias-crime contra o ministro do Meio Ambiente. Uma delas é a de Saraiva.
Além de não atender a PGR, Moraes autorizou a Polícia Federal a realizar a operação Akuanduba. Dessa maneira, desarquivou outra investigação que envolve o ministro: a da reunião ministerial de 2020 com Bolsonaro e todos os seus ministro. Trata-se, portanto, da oportunidade em que Salles soltou a frase ir “passando a boiada”, sobre mudar regras de proteção ao meio ambiente.
Foto: Reprodução/TV