Ex-ministro critica ex-deputado por atirar contra PF: ‘É faroeste?’ 

"Somos cidadãos, devemos obediência às normas jurídicas e devemos também respeito às instituições”, disse Marco Aurélio

ex-ministro, ex-deputado, faroeste

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 23/10/2022 às 17:46 | Atualizado em: 23/10/2022 às 17:46

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello ficou perplexo e criticou a atitude do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que atirou contra agentes da Polícia Federal (PF), na manhã deste domingo (23). “É faroeste?”, questionou  

O ato ocorreu na cidade de Levy Gaparian, a 130 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro, onde mora o ex-deputado. 

“É o faroeste? Se instalou o faroeste, a lei do mais forte? O mais forte que detém o monopólio da força é o Estado, só o Estado, mais ninguém. Nós somos cidadãos, devemos obediência às normas jurídicas e devemos também respeito às instituições”, disse o magistrado à repórter Thalys Alcântara, do Metrópoles

Jefferson atacou a tiros e a granadas policiais que foram cumprir mandado de prisão contra ele. Dois agentes da PF ficaram feridos, mas estão recuperados.  

“Algo inacreditável. Isso aí é impensável. É algo que foge à razoabilidade, foge ao senso de urbanidade, e é desconhecer a autoridade da Polícia Federal. Não há justificativas, nós não precisamos no Brasil de machões, precisamos de homens sérios, compenetrados quanto aos anseios da população”, declarou ainda o ex-ministro.

Leia mais

Ataque a ministra 

Na última semana, Roberto Jefferson publicou um vídeo em que atacou a ministra do STF Cármen Lúcia com xingamentos misóginos. 

“Divergir você pode divergir do voto proferido. Agora, enxovalhar o autor do voto, isso implica ataque a instituição, a instituição é o Poder Judiciário. É ruim, é péssimo, revela que nós vivenciamos tempos estranhos”, disse ainda Marco Aurélio. 

Ao xingar a ministra, Jefferson estava em prisão domiciliar, mas juristas avaliaram que o ataque à ministra foi crime de difamação, o que é quebra de cautelar, condenando o ex-deputado a voltar para o regime fechado. 

Foto: Nelson Jr./SCO/STF