Ex-PGR diz que é ‘lamentável’ papel de Aras sobre Bolsonaro

Aras usou hoje uma entrevista dada na semana passada para manifestar apoio ao sistema eleitoral brasileiro

procurador, lava, jato, demissao

Publicado em: 21/07/2022 às 21:51 | Atualizado em: 21/07/2022 às 22:19

Em entrevista ao UOL, o ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles disse que o atual PGR, Augusto Aras, tem uma “postura lamentável” ao não investigar o presidente Jair Bolsonaro (PL) por crimes de responsabilidade.

Aras usou hoje (21) uma entrevista dada na semana passada para manifestar apoio ao sistema eleitoral brasileiro. No vídeo, ele diz que não aceitará “alegações de fraude” nas eleições, mas evita fazer críticas a Bolsonaro.

De acordo com Fonteles, o posicionamento não é suficiente, já que Aras ignora os ataques à democracia desde a posse do chefe do Executivo.

“Isso vem acontecendo durante todo o mandato de Jair Bolsonaro e, agora, vem mais isso [a reunião de embaixadores]”, disse o ex-PGR. “A postura de Augusto Aras é de omissão”, acrescentou.

Leia mais

Procuradores cobram reação de Aras contra ataques de Bolsonaro às urnas

Aras foi pressionado por alas internas do Ministério Público Federal a agir em relação à reunião de Bolsonaro com embaixadores no início da semana, ocasião em que o presidente voltou a atacar, sem provas, a lisura do processo eleitoral e criticar os ministros Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, respectivamente o ex, atual e próximo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Conforme avaliação de Fonteles, esse último ato é o mais recente indício de que Bolsonaro infringiu a lei.

Citando artigos da Constituição, o ex-PGR apontou que opor-se ao livre exercício dos Poderes pode ser enquadrado como crime de responsabilidade.

“Na linha do tempo do mandato de Jair Bolsonaro, há uma sucessão de fatos que significa uma oposição direta ao livre exercício do Poder Judiciário”, disse.

“[Aras deveria] abrir imediatamente um procedimento de crime de responsabilidade, não há menor dúvida. Se eu fosse o PGR, já teria aberto”.

Fonteles também disse que todas as ações de um agente público num regime democrático estão sujeitas à apuração, incluindo as do presidente da República.

Leia mais no UOL.

Foto: Reprodução