Ex-senador acusado de receber propina tem codinome Manaus
Polรญtico tucano รฉ acusado pelo Ministรฉrio Pรบblico de Sรฃo Paulo de receber R$ 500 mil pagos pelaย Odebrechtย para financiar sua campanha eleitoral em 2010

Diamantino Junior
Publicado em: 30/07/2020 ร s 07:20 | Atualizado em: 30/07/2020 ร s 07:22
Oย Ministรฉrio Pรบblico de Sรฃo Paulo(MP-SP) apresentou aรงรฃo civil pรบblica contra o ex-senadorย Aloysio Nunes (PSDB-SP)ย por supostas propinas de R$ 500 mil pagas pelaย Odebrechtย para financiar sua campanha eleitoral em 2010.
Um detalhe chama atenรงรฃo na denรบncia feita pelo MP-SP contra o senador:ย a propina paga ao polรญtico foi registrada na planilha da Odebrecht com o codinome de “Manaus”.
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A Promotoria aponta que o tucano cometeu improbidade ao solicitar e receber as vantagens indevidas enquanto era Chefe da Casa Civil do governo de Sรฃo Paulo.
Em troca, atuou em favor da empreiteira em ressarcimentos da rodovia Carvalho Pinto.
A aรงรฃo foi apresentada pelo promotor Ricardo Manuel Castro, da 9ยบ Promotoria de Justiรงa do Patrimรดnio Pรบblico e Social, que pede a devoluรงรฃo dos valores repassados pela empreiteira aos cofres pรบblicos.
O montante chega a R$ 854 mil em valores corrigidos.
Segundo a aรงรฃo, Aloysio Nunes solicitou em 2010 propinas a Carlos Armando Paschoal e Roberto Cumplido, ร รฉpoca diretores da Construtora Norberto Odebrecht.
O tucano teria alegado que os valores seriam usados para financiar sua campanha ao Senado, no mesmo ano.
Os empresรกrios, contudo, condicionaram o repasse ร atuaรงรฃo de Aloysio Nunes para resolver โpendรชncia existentes entre a construtoraโ e o governo estadual em relaรงรฃo ao recebimento de quantias em atraso e discutidas judicialmente com a Dersa pela rodovia Carvalho Pinto.
โFoi nesse contexto que foi aprovado o pagamento ao requerido (Nunes) da quantia de R$ 500.00,00 (quinhentos mil reais) em duas prestaรงรตes de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais)โ, afirmou o promotor.
Codinome era Manaus
As propinas teriam sido aprovadas no dia 16 de agosto e pagas nos dias 23 do mesmo mรชs e 23 de setembro de 2010, em espรฉcie, a uma pessoa de confianรงa de Aloysio Nunes, mediante senha do Departamento de Operaรงรตes Estruturadas da Odebrecht, o setor de propinas da empreiteira.
O tucano ficou registrado na planilha como โManausโ e os repasses foram efetuados por meio do doleiro Alvaro Novis, o โPaulistinhaโ, em hotรฉis nos Jardins, Itaim e Moema โ bairros de luxo em Sรฃo Paulo.
โDeve-se registrar que nenhuma dessas doaรงรตes consta da prestaรงรฃo de contas da campanha eleitoral do requerido ao Senado, de modo a demonstrar a ilicitude dos valores recebidos de forma clandestina e que em verdade caracterizaram verdadeiro enriquecimento ilรญcito ocorrido em razรฃo do desempenho das funรงรตes de Chefe da Casa Civil do Governo do Estado de Sรฃo Pauloโ, apontou o Ministรฉrio Pรบblico.
A Promotoria aponta que Aloysio Nunes violou os princรญpios da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiรชncia na administraรงรฃo pรบblica ao solicitar e receber a propina.
O prejuรญzo aos cofres pรบblicos, segundo o MP paulista, estรก estimado em R$ 854 mil em valores corrigidos.
O promotor Ricardo Manuel Castro pediu liminar para bloquear o valor os bens e as contas bancรกrias do tucano.
A reportagem busca contato com a defesa do ex-senador Aloysio Nunes. O espaรงo estรก aberto a manifestaรงรตes ([email protected]).
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Foto: Reproduรงรฃo/Veja