ExecuĂ§Ă£o de Alexandre de Moraes teria veneno, explosivos e armas de guerra

Veja detalhes do plano de golpistas de Bolsonaro para matar também Lula e Alckmin.

ExecuĂ§Ă£o de Alexandre de Moraes teria veneno, explosivos e armas de guerra

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas*

Publicado em: 19/11/2024 Ă s 13:53 | Atualizado em: 19/11/2024 Ă s 13:53

A PolĂ­cia Federal (PF) apreendeu documentos nos quais militares golpistas falam em execuĂ§Ă£o, em dezembro de 2022, de Lula da Silva, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Por exemplo, no caso de Moraes, a PF diz que fica claro, que o grupo estava disposto a matar Moraes, seus seguranças e atĂ© os prĂ³prios membros do plano golpista para cumprir a missĂ£o.

Em reportagem do g1, trechos do documento constam na representaĂ§Ă£o enviada pela PF ao Supremo Tribunal Federal.

Com isso, embasou a prisĂ£o de quatro militares do ExĂ©rcito e um policial federal nesta terça-feira (19).

Segundo a PF, “considerando todo o contexto da investigaĂ§Ă£o, o documento descreve um planejamento de sequestro ou homicĂ­dio do ministro Alexandre de Moraes”.

No trecho final, no entanto, os golpistas falam que também levantaram informações sobre outros alvos possíveis, identificados por codinomes:

  • Jeca – que, segundo a PF, faria referĂªncia a Lula;
  • Joca – que, tambĂ©m segundo a PF, seria Geraldo Alckmin;
  • e Juca – que a PF ainda nĂ£o conseguiu identificar.

Sobretudo, o material foi encontrado em um dispositivo eletrĂ´nico do general de brigada MĂ¡rio Fernandes.

Ele Ă© descrito como “um dos militares mais radicais” e influente nos acampamentos golpistas montados apĂ³s a derrota de Jair Bolsonaro na eleiĂ§Ă£o de 2022.

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Veja abaixo detalhes do documento encontrado pela PF:

PĂ¡gina 1 – reconhecimento operacional e monitoramento

Na primeira pĂ¡gina do documento, os golpistas listam as demandas de “rec op” – segundo a PF, abreviaĂ§Ă£o de “reconhecimento operacional”.

O grupo lista “pontos de controle”, como o Eixo Monumental (via no centro de BrasĂ­lia onde ficam os ministĂ©rios, o PalĂ¡cio do Planalto e o prĂ©dio do STF), a via L4 (tambĂ©m nas imediações dos prĂ©dios oficiais) e a Avenida do ExĂ©rcito (via do Quartel-General do ExĂ©rcito, mais afastada).

Lista, também, o tamanho das equipes de segurança pessoal e veículos SUV e blindados.

Segundo a PF, essa pĂ¡gina se refere Ă s “diligĂªncias necessĂ¡rias, que jĂ¡ estavam em andamento, para identificar o aparato de segurança pessoal do ministro Alexandre de Moraes, compreendendo os equipamentos de segurança, armamentos, veĂ­culos blindados, os itinerĂ¡rios e horĂ¡rios”.

A PF diz ainda que fica claro, jĂ¡ nessa pĂ¡gina, que o grupo estava disposto a matar Moraes, seus seguranças e atĂ© os prĂ³prios membros do plano golpista para cumprir a missĂ£o.

“Ou seja, claramente para os investigados a morte nĂ£o sĂ³ do ministro, mas tambĂ©m de toda a equipe de segurança e atĂ© mesmo dos militares envolvidos na aĂ§Ă£o era admissĂ­vel para cumprimento da missĂ£o de ‘neutralizar’ o denominado ‘centro de gravidade’, que seria um fator de obstĂ¡culo Ă  consumaĂ§Ă£o do golpe de Estado”.

PĂ¡gina 2 – telefones, armas e ‘tempo de aĂ§Ă£o’

Na segunda pĂ¡gina, o documento lista as medidas prĂ¡ticas que deveriam ser tomadas pelo grupo para executar o plano.

HĂ¡, por exemplo, uma lista de itens necessĂ¡rios, entre telefones, armas e proteĂ§Ă£o:

  • seis coletes Ă  prova de balas;
  • rĂ¡dios de baixa frequĂªncia;
  • seis telefones celulares descartĂ¡veis;
  • quatro pistolas;
  • quatro fuzis, alĂ©m de muniĂ§Ă£o nĂ£o rastreĂ¡vel;
  • uma metralhadora, um lança-granadas, um lança-rojĂ£o, tambĂ©m com muniĂ§Ă£o nĂ£o rastreĂ¡vel;
  • 12 granadas.

Segundo a PF, a lista descreve “armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”.

O lança-rojĂ£o, por exemplo, Ă© “utilizado principalmente por forças armadas e de segurança para combate a veĂ­culos blindados e estruturas fortificadas. É um lançador de foguetes antitanque. A muniĂ§Ă£o Ă© um foguete guiado que possui uma ogiva explosiva”.

Os golpistas afirmam, ainda, que seriam necessĂ¡rias cerca de duas semanas para a preparaĂ§Ă£o do atentado – e oito horas para a execuĂ§Ă£o.

De acordo com a PF, mais uma vez, os detalhes descritos nessa pĂ¡gina coincidem com a tentativa frustrada de sequestrar Alexandre de Moraes em 15 de dezembro de 2022.

PĂ¡gina 3 – ‘condições de execuĂ§Ă£o’ e mais alvos

Na Ăºltima pĂ¡gina do documento, os militares golpistas afirmam que a execuĂ§Ă£o do plano era “viĂ¡vel“, mas “com significativas restrições para uma execuĂ§Ă£o imediata“.

O material lista ainda a situaĂ§Ă£o de outros parĂ¢metros de risco:

  • possibilidade de Ăªxito: mĂ©dio, tendendo a alto;
  • risco de danos colaterais: muito alto
  • risco de captura: alto
  • risco de baixas: alto
  • impactos e sensibilidade no Ă¢mbito polĂ­tico: muito alto;
  • impactos e sensibilidade no Ă¢mbito social: muito alto.

“Outra possibilidade foi levantada para o cumprimento da missĂ£o, buscando com elemento quĂ­mico e/ou biolĂ³gico, o envenenamente do Alvo, preferencialmente durante um Evento Oficial PĂºblico. O nosso reconhecimento tambĂ©m estĂ¡ levantando as condições para tal linha de aĂ§Ă£o”, diz o texto.

JĂ¡ no Ăºltimo trecho do documento, por fim, consta que “foram levantados outros alvos possĂ­veis” – Ă© quando, segundo a PF, o grupo fala em matar tambĂ©m Lula, Geraldo Alckmin e um aliado nĂ£o identificado.

O texto diz que matar Lula “abalaria toda a chapa vencedora” e a colocaria “sob a tutela principal do PSDB”. O vice, Geraldo Alckmin, na verdade migrou do PSDB para o PSB para disputar as eleições.

Veja o que o documento diz sobre cada um desses alvos:

  • Jeca (Lula): “considerando a vulnerabilidade de seu atual estado de saĂºde e sua frequĂªncia a hospitais. Envenamento ou uso de quĂ­mica / remĂ©dio que lhe cause um colapso orgĂ¢nico. Sua neutralizaĂ§Ă£o abalaria toda a chapa vencedora, colocando-a, dependendo da interpretaĂ§Ă£o da Lei Eleitoral, ou da manobra conduzida pelos 3 Poderes, sob a tutela principal do PSDB”.
  • Joca (Alckmin): “considerando a inviabilidade do 01 eleito, por questĂ£o saĂºde, a sua neutralizaĂ§Ă£o extinguiria a Chapa vencedora”.
  • Juca (nĂ£o identificado): “como IminĂªncia Parda (sic) do 01 e das lideranças do futuro Gov, a sua neutralizaĂ§Ă£o desarticularia os planos da esquerda mais radical”.

O texto ressalva ainda que a morte de Alckmin e da autoridade apelidada de “Juca” nĂ£o causaria grande comoĂ§Ă£o nacional.

*Com informações do g1,

Foto: FĂ¡bio Rodrigues Pozzebom/AgĂªncia Brasil