O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do presidente, emergiu de um período mergulhado no escândalo das “rachadinhas” para assumir o posto de coordenador da reeleição do pai.
Na nova função de destaque, o parlamentar tem a missão de construir palanques estaduais e reverter a queda na popularidade de Jair Bolsonaro.
Em entrevista ao GLOBO, Flávio reconhece que pesquisas internas do comitê de campanha apontam que o desgaste do presidente é consequência do discurso antivacina. Bolsonaro não se imunizou – e, por diversas vezes, já colocou em dúvida a eficácia e segurança dos imunizantes.
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Em entrevista exclusiva para assinantes, o senador ensaia a defesa do presidente e ataca os adversários , culpando o ex-juiz Sergio Moro pela soltura do ex-presidente Lula, porque “fez coisas que estavam fora da lei”.
Ao GLOBO, o senador ainda reconhece outros erros cometidos pelo governo e diz que o comportamento de Bolsonaro mudou nas últimas semanas. Ele também avalia a relação do governo com o partido Republicanos e fala sobre como está a negociação com o União Brasil.
A seguir, leia trecho da entrevista:
Qual é o seu papel no comitê de campanha e quais os papeis de outros integrantes?
Estou me dedicando um tempo a tomar todas as decisões no tempo que o presidente não tem. Sei quais são as preferências e como funciona um pouco a cabeça dele. Isso estabiliza e dá menos trabalho a ele. Sei mais ou menos o que ele quer nos estados, sei com quem é possível caminhar e com quem não é. Começamos a fazer um mapeamento de todo o Brasil, (traçando) a estratégia nos estados e (vendo) o que é importante para cada partido, para que todo mundo fique bem atendido nessa coalizão. Também estamos montando a estratégia da comunicação.
Nas pesquisas que fazemos, observamos que muita gente não tem conhecimento das coisas boas que o presidente Bolsonaro fez, muito em função da nossa deficiência na hora de comunicar. No começo do governo, havia o entendimento de que o uso de internet bastaria, por isso não se priorizou, por exemplo, a publicidade do governo nos veículos impressos, televisão, de rádio. Hoje a gente sente falta.
Quem será o marqueteiro da campanha?
O marqueteiro da campanha será Jair Messias Bolsonaro mesmo. Os próprios publicitários com quem temos conversado têm essa consciência. Não funciona alguém do lado do Bolsonaro falando o que ele tem que fazer todo dia, do que tem que falar e como se portar. Nosso trabalho vai ser criar uma metodologia para mostrar o que, segundo as nossas pesquisas, funciona, o que o povo gosta mais, com o que se incomoda e levar essas informações mastigadinhas para ele (Bolsonaro) decidir o que fazer. De duas semanas ou três semanas para cá, ele já deu uma mudada na postura. Ele já entendeu que não adianta deixar coisas mal explicadas, pois serão exploradas contra ele. As pesquisas mostram que a questão da vacina gerou um desgaste. Mas Bolsonaro garantiu a vacina para todo o Brasil. Quem quis tomar a vacina teve acesso a ela. Como é que a gente comunica isso para que o povo entenda que o Bolsonaro não é contra a vacina?
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Foto: Pedro França/Agência Senado