A escalada da fome no Brasil aumentou as preocupações de entidades do semiárido nordestino e fez lançar um alerta sobre a necessidade de se conter a compra de votos em meio à maior vulnerabilidade das famílias na região. Na publicação de Carlos Madeiro, do UOL, sindicalista nordestina conta como é o assédio na campanha eleitoral deste ano, explorando a fome.
O semiárido inclui parte do Nordeste e norte de Minas Gerais e tem um longo histórico de uso político das fragilidades da população para obter vantagens eleitorais indevidas. Se no passado a principal promessa (falsa) era garantir água, os focos neste ano estão em comida e promessa de emprego.
Por isso, para as eleições de 2022, a ASA (Articulação do Semiárido) — organização que reúne 3.000 entidades — novamente encabeça a campanha “Não Troque o Seu Voto”, focando em mostrar o assédio a pessoas pobres como alavanca para a compra de votos.
Maria Conceição Ferreira, 61, é presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Feira de Santana (BA), maior cidade do interior do Nordeste, com 619 mil habitantes.
Ferreira afirma que já percebe uma grande movimentação entre políticos para se aproximarem do eleitorado do campo.
“A cesta básica chega, e ela vem primeiro. Depois vem a promessa da água, do emprego. Isso já é visível. Percebe-se facilmente o assédio às pessoas que estão passando por todo tipo de necessidade”, afirma.
A líder sindical conta que tem percebido uma enxurrada de promessas de ajuda para problemas financeiros.
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“Eles pagam conta de luz e fazem oferta de emprego. Quem está na situação de desespero, tem filho desempregado, acaba sendo influenciado no voto”, diz.
“Isso pode ser visto nas pessoas chamadas para trabalhar em campanhas. Elas pagam R$ 15 pelo dia e dão promessas de que vão contratar as pessoas depois”, completa.
Para Ferreira, isso é fruto da paralisação de políticas públicas no interior do Nordeste, como o programa Cisternas, do governo federal, que fez mais de 1 milhão de cisternas até 2016, mas teve novos contratos praticamente paralisados pela atual gestão federal.
Com informações do UOL
Foto: Cimi Regional Nordeste