Governo que cancelou vacina a adolescentes receitou cloroquina a crianças

Documento elenca 21 pontos para garantir ao maior número de pessoas possível, entre eles crianças, o tratamento de ineficácia comprovada

Médicos rechaçam paralização da vacinação de adolescentes

Publicado em: 20/09/2021 às 16:10 | Atualizado em: 20/09/2021 às 16:11

O governo que cancelou vacinação de adolescentes, já recomendou o acesso de crianças ao tratamento com hidroxicloroquina no Sistema Único de Saúde (SUS).

O documento intitulado “Orientações para o manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19” foi divulgado pelo governo Bolsonaro em 20 de maio de 2020.

Nele, são elencados 21 pontos para garantir ao maior número de pessoas possível, entre eles crianças, o tratamento de ineficácia comprovada.

Diante da polêmica das vacinas para adolescentes, o item 8 chamou a atenção do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede). Diz o documento:

“Em crianças, dar sempre prioridade ao uso de hidroxicloroquina pelo risco de toxidade da cloroquina”.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é contrária ao uso de cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento de crianças.

Uma das referências citadas para embasar as orientações é o médico Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde.

Ou seja, o Queiroga que aparece como referência no estudo de cloroquina para crianças é o mesmo que mete medo de vacina nos pais de adolescentes. A citação de Queiroga se dá no contexto de uma diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia que trata sobre telemedicina.

Não para por aí. Com base na nota normativa, o Ministério Público Federal ajuizou uma Ação Civil Pública para obrigar o estado de Goías e o município de Goiânia a fornecer cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina aos pacientes com Covid, inclusive crianças a adolescentes.

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Foto: Breno Asaki/Agência Senado