Grampo em celular revela ligaĂ§Ă£o de policiais com facĂ§Ă£o criminosa

A identificaĂ§Ă£o ocorreu atravĂ©s do monitoramento do telefone celular usado por um preso que controlava o trĂ¡fico de dentro da cela

Publicado em: 08/12/2022 Ă s 10:58 | Atualizado em: 08/12/2022 Ă s 10:58

Uma quadrilha de policiais civis e militares ligada ao PCC foi identificada atravĂ©s de interceptaĂ§Ă£o telefĂ´nica.

A identificaĂ§Ă£o que ajudou o MinistĂ©rio PĂºblico de SĂ£o Paulo ocorreu por meio de investigaĂ§Ă£o sobre um nĂºcleo de presos responsĂ¡vel pelo trĂ¡fico de drogas na PenitenciĂ¡ria 2 de SĂ£o Vicente (SP) e na regiĂ£o do Alto TietĂª. A reportagem Ă© de Josmar Jozino do UOL.

Tudo começou em meados de 2020, quando o Gaeco (Grupo de AtuaĂ§Ă£o Especial e de Combate ao Crime Organizado) deu inĂ­cio Ă  OperaĂ§Ă£o Intramuros para apurar o trĂ¡fico de drogas planejado e coordenado pelo preso Valdenilson Silva dos Santos, 29, o SaruĂª, dentro da P-2 de SĂ£o Vicente.

O telefone celular utilizado por SaruĂª na prisĂ£o foi monitorado com autorizaĂ§Ă£o judicial. Segundo o Gaeco, ele era o principal usuĂ¡rio da linha telefĂ´nica e, de dentro da cela, controlava o trĂ¡fico de drogas em Suzano, Itaquaquecetuba e outras regiões do Alto TietĂª, na Grande SĂ£o Paulo.

Foram interceptadas vĂ¡rias conversas entre SaruĂª, o sĂ³cio e cunhado dele, JerĂ´nimo da Silva Menger, 48, o Bicudo, ambos integrantes do PCC, e outras nove pessoas nas ruas acusadas de integrar a quadrilha envolvida com a venda de entorpecentes e lavagem de dinheiro.

Com o avanço das investigações, o Gaeco de SĂ£o Vicente interceptou diĂ¡logos de SaruĂª com um gerente dos pontos de vendas de drogas dele, chamado atĂ© entĂ£o de Will. Os diĂ¡logos apontaram que Will pagava propina aos policiais da regiĂ£o de Suzano para poder traficar sem ser incomodado.

O Gaeco de Guarulhos, cuja Ă¡rea de atuaĂ§Ă£o abrange as cidades do Alto TietĂª, foi comunicado por promotores de Justiça de SĂ£o Vicente sobre o possĂ­vel envolvimento de policiais da regiĂ£o com traficantes ligados ao PCC e instaurou procedimento investigatĂ³rio criminal para apurar o caso.

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Em outros diĂ¡logos mantidos em novembro de 2020, Will revela para um comparsa que paga periodicamente propina a policiais para poder explorar o trĂ¡fico.

Na conversa de 14 de novembro ele diz que tinha pago R$ 1.100 e que Ă  noite daria mais R$ 1.900.

O Gaeco de Guarulhos apurou que os pagamentos eram feitos para dois informantes (gansos) e intermediĂ¡rios dos policiais identificados como JoĂ£o Felipe dos Santos, 36, o Chico, e JĂºlio CĂ©sar dos Santos Vilela, 48, conhecido como Gordo ou Bola. Eles acabaram presos.

As investigações prosseguiram atĂ© outubro deste ano, quando o juiz Fernando de Oliveira Camargo, da 1ª Vara Criminal de Suzano, decretou a prisĂ£o de quatro policiais civis e dois policiais militares, acusados de integrar a organizaĂ§Ă£o criminosa.

Leia mais na coluna de Josmar Jozino no UOL

Foto: ReproduĂ§Ă£o/Gaeco