O apresentador de TV e pré-candidato à Presidência, em 2022, Luciano Huck criticou ontem à noite a indústria da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Mostrando pouco conhecimento sobre o modelo, ele sugeriu que, ao invés geladeira, telefone e “tanque de motocicleta”, a ZFM poderia produzir tecido, perfume, cosméticos, com insumos da floresta amazônica.
“Tem muito dinheiro para a biotecnologia para você mudar o tipo de empreendedor, o tipo de negócio que você pode fazer ali”.
O presidenciável falou isso em entrevista que concedeu numa live a André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual, no YouTube .
Equívoco
Mas, diferente do que disse Huck, a Zona Franca de Manaus não produz apenas peças (tanques de motos), no polo de duas rodas.
Ela entrega o produto final, na cadeia produtiva mais verticalizada do modelo e que mais emprega no Estado.
Apesar disso, o apresentador de TV sugere mudar o foco da produção local.
“Por que a gente não usa toda essa potência de produção que a ZFM tem, e que é muito importante para a região e pro Brasil? Mas muda o foco”.
Reação
Além disso, o discurso de Luciano Huck conflita com a tese que sustenta a política de incentivos fiscais da ZFM.
Essa tese diz que o Amazonas só conseguiu preservar 97% de suas florestas porque produz eletroeletrônico.
Assim também reagiu na manhã desta terça-feira, dia 4, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento Júnior.
“A floresta amazônica é a mais importante floresta do mundo e, se o Amazonas tem sua cobertura florestal preservada em 97% é porque a matriz econômica do estado é alicerçada na produção de eletroeletrônico, principalmente”.
O polo de eletrônico é um dos maiores da ZFM.
Detém 30% do faturamento de todo o polo industrial de Manaus (PIM) e 35% da geração de emprego do PIM, além de dedicar 100% do investimento em P&D.
Em fala direta a Luciano Huck, Jorge Júnior disse:
“Falta ao Luciano Huck falar com quem está na floresta gerando emprego, renda, fomentando a formação de capital intelectual e trazendo inovação tecnológica ao processo fabril há mais de 50 anos e, com isso, mantendo a floresta em pé. E quem faz tudo isso também é a indústria eletroeletrônica e eletrodoméstica instalada na ZFM”.
Foto: Reprodução/YouTube