Infiltração de criminosos na política do Amazonas preocupa TSE

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 09/10/2017 às 19:38 | Atualizado em: 10/10/2017 às 07:23
O Amazonas é citado entre os estados em que o crime organizado pode estar se infiltrando na política para ampliar seus negócios criminosos, principalmente o tráfico de drogas.
A preocupação foi manifestada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de relatório encaminhado à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Polícia Federal para investigações.
As eleições 2016 do estado do Rio de Janeiro servem de base para a Justiça Eleitoral afirmar que o crime organizado ampliou suas ramificações para outros centros.
No Amazonas, a questão vem sendo investigada desde 2014, quando áudio de conversa entre oficial da Polícia Militar e suposto traficante teria vazado às vésperas da eleição.
Na gravação, a facção criminosa Família do Norte (FDN) se comprometia a ajudar um dos candidatos a governador.
Consta do relatório do TSE outra gravação, que seria de ex-secretário de Segurança Pública do Amazonas e homem que se apresentava como chefe da FDN e revelava plano de eleger dois deputados estaduais em 2014.
“O que eu posso dizer de forma segura é que a Família do Norte durante o período das interceptações da La Muralha tinha um plano muito específico para inserir seus integrantes no mundo político e financiar a eleição de determinados candidatos”, disse procurador que comandou investigações da operação La Muralha, da Polícia Federal, em novembro de 2015.
Das investigações da operação no Amazonas constam ainda o caso de ex-vereador do município de Tonantins, que cedia suas contas bancárias para operações de traficantes na tríplice fronteira de Brasil, Peru e Colômbia.
Sozinho, o ex-parlamentar movimentou R$ 1,8 milhão, mais de R$ 820 mil em apenas um ano, 2015.
O TSE teme que as restrições do financiamento das campanhas a um fundo público, recentemente aprovadas no Congresso, facilitem o acesso do crime organizado, passando a ser o novo provedor de caixa dois dos políticos.
E a Justiça Eleitoral tem números a justificar essa preocupação. Das 730 mil doações da eleição do ano passado, 300 mil apresentaram problemas junto à Receita Federal.
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