Joias árabes: é hoje o dia de Bolsonaro se explicar na polícia
Em 24 de março, os advogados do ex-presidente já haviam devolvido um segundo conjunto de luxo e armas, que foram presenteados pelos Emirados Árabes e estavam em sua posse.

Publicado em: 05/04/2023 às 14:06 | Atualizado em: 05/04/2023 às 14:18
Hoje, o ex-presidente Jair Bolsonaro é esperado na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, para prestar esclarecimentos sobre o escândalo das joias sauditas que foram trazidas ilegalmente ao Brasil.
Além de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do então presidente, e o assessor Marcelo Câmara, responsável pela segurança do ex-chefe do Planalto, também serão ouvidos pela PF.
O escândalo das joias foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que informou que o governo Bolsonaro tentou trazer as peças em diamantes ao país sem pagar imposto.
No Brasil, para retirar qualquer item retido na alfândega, deve-se pagar imposto quando o valor supera US$ 1 mil.
O conjunto em diamantes apreendido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em 2021, foi presente do governo da Arábia Saudita, contendo um colar, um par de brincos, relógio e anel estimados em 3 milhões de euros (R$ 16,5 milhões).
Os itens estavam na mochila de um militar que atuava como assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Depois disso, a equipe de Bolsonaro fez uma série de investidas para tentar resgatar o material.
Também foi revelada a existência de um segundo conjunto de joias, que inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de luxo Chopard.
Os itens, avaliados em R$ 400 mil, estavam na bagagem de um dos integrantes da comitiva, mas não foram interceptados no aeroporto.
Na semana passada, veio à tona que Bolsonaro recebeu um terceiro presente, em 2019, estimado em R$ 500 mil, contendo um relógio da marca Rolex, de ouro branco e cravejado de diamantes, um par de abotoaduras, um anel com diamantes e uma caneta.
Assim que Bolsonaro foi intimado pela PF, sua defesa disse que a oitiva “será uma oportunidade para ele prestar todas as informações necessárias”.
Quando o escândalo explodiu, Bolsonaro negou inicialmente possuir as joias.
A expectativa é de que, no depoimento à PF, ele repita discursos recentes de que as joias foram “presentes que ele não pediu”.
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Em entrevistas, o ex-presidente chegou a dizer que os estrangeiros “têm muito dinheiro” e que, para eles, é um prazer presentear.
Bolsonaro desembarcou no Brasil na semana passada, após sair derrotado das eleições que definiram a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Brasil, ele deve cumprir uma agenda institucional como presidente de honra do PL e promete liderar a oposição ao governo petista.
Na terça-feira (04/4), a equipe jurídica de Bolsonaro entregou o terceiro conjunto de joias, como ordenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Em 24 de março, os advogados do ex-presidente já haviam devolvido um segundo conjunto de luxo e armas, que foram presenteados pelos Emirados Árabes e estavam em sua posse.
As entregas foram feitas em uma agência de penhor da Caixa Econômica Federal em Brasília. A informação foi divulgada por Fabio Wajngarten, assessor do ex-presidente, que afirmou que a entrega demonstra o compromisso da equipe jurídica de Bolsonaro em cumprir todas as solicitações do TCU e seguir a legislação vigente.
Leia mais na matéria de Renato Souza e Luana Patriolino publicada no portal do Correio Braziliense
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil