Marqueteiro da esquerda sugere chapa Ciro e Lula em 2022
João Santana foi acusado, junto de sua mulher, Mônica Moura, de participação em esquema de corrupção envolvendo Odebrecht e da Petrobras

Publicado em: 27/10/2020 às 10:25 | Atualizado em: 27/10/2020 às 10:25
O publicitário João Santana declarou que Ciro Gomes (PDT) e Lula seria uma chapa imbatível.
Ele foi o marqueteiro responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014).
“Lula seria o melhor perfil de vice que poderia ter. Impossível ser isso [vice do Ciro], mas essa chapa seria imbatível”.
“É imitar a solução genial eleitoral, que a Cristina [Kirchner] fez na Argentina [como ex-presidente e atualmente vice de Alberto Fernández]”.
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Santana repetiu, ao longo da entrevista, que Lula é “o vice ideal” e que se o PT estivesse determinado a uma chapa composta apenas por nomes do partido, Jaques Wagner seria o mais indicado a presidenciável. Mas, na visão dele, a saída da esquerda está no pedetista Ciro Gomes.
“Se as esquerdas se reunirem em torno de Ciro Gomes, Ciro Gomes pode ser um candidato extremamente viável”, avalia Santana.
Lula em um dilema
O publicitário chamou Lula de “personagem único, enorme na história política e eleitoral brasileira” e declarou que ele está numa posição em que não pode perder nem ganhar a eleição.
“Lula tem que tirar da cabeça que ele precisa de um novo banho de urna presidencial para se purificar ou reconstruir a imagem. Ele não precisa disso. Ele não pode perder, porque se perder afunda mais ele e o PT. E não pode ganhar, nesse sentido metafórico que estou usando, porque vai estressar ainda mais o ambiente político”.
Marqueteiro foi preso
A declaração de Santana foi em entrevista ao Roda Viva, a primeira concedida desde a sua prisão, em 2016, por lavagem de dinheiro.
Alvo da Lava Jato, ele firmou um acordo de delação premiada com o STF no ano seguinte, reduziu o tempo de pena em regime fechado e cumpriu o restante da punição em casa.
“Moro é melhor como pré-candidato do que como candidato”
Questionado sobre como enxerga o nome do ex-juiz Sergio Moro, responsável por condená-lo na Lava Jato, nas eleições de 2022, Santana afirmou que “falta traquejo” para que ele assuma uma candidatura.
Santana ainda admitiu que, por ter sido condenado pelo ex-juiz, pode cair no erro de não fazer “análise isenta”, mas afirmou que em 2022 não haverá espaços para pessoas de fora do campo político.
“Me parece que nas eleições de 2022 não vai ter muita chance para pessoas que venham de fora do ramo. Vai ser uma eleição disputada, imprevisível, e vai valer mais para quem é do ramo”.
Acusações
O publicitário João Santana foi acusado, junto de sua mulher, Mônica Moura, de participação em esquema de corrupção envolvendo contratos ilícitos da Odebrecht e da Petrobras que teriam beneficiado o PT.
Os dois foram condenados a sete anos e seis meses de prisão por diversos crimes de lavagem de dinheiro.
Ambos tiveram as penas substituídas por 160 dias de prisão em regime fechado após fecharem acordo de delação premiada, homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O casal admitiu, em mais de uma ocasião, o uso de caixa dois — prática de pagamentos não declarados ao fisco.
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Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula