Ministério da Saúde planeja Dia D contra covid com festival de cloroquina
Para bombar o Dia D, o Ministério espera que o presidente Jair Bolsonaro trate do tema durante sua live semanal nas redes sociais, no próximo dia 1º

Diamantino Junior
Publicado em: 25/09/2020 às 11:55 | Atualizado em: 25/09/2020 às 11:55
O Ministério da Saúde vai realizar um “Dia D” de enfrentamento à covid-19 em 3 de outubro.
A ideia é abrir Unidades Básicas de Saúde (UBS) para passar orientações sobre o “tratamento precoce” e medicar pacientes.
Até esta data, a pasta planeja uma série de ações, entre elas:
- levantar estoques
- distribuir o chamado kit covid-19 no País, que é composto por
- cloroquina
- hidroxicloroquina
- azitromicina
- ivermectina.
Não há eficácia científica comprovada sobre o uso dessas drogas contra a doença.
Fala de Bolsonaro
Para bombar o evento, o Ministério espera que o presidente Jair Bolsonaro trate do tema durante sua live semanal nas redes sociais, no próximo dia 1º.
Na sexta-feira (02/10), véspera do “Dia D”, o presidente ainda faria um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV para divulgar o evento.
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O planejamento do “Dia D” foi apresentado em reuniões internas durante a semana, apurou o Estadão com fontes do governo.
Participa da organização o empresário Carlos Wizard, fundador da rede Wizard de escolas de inglês.
Ele chegou a ser cotado ao cargo de secretário do Ministério da Saúde, mas recebeu veto de Bolsonaro.
Divulgação
O Ministério ainda pretende colocar cartazes sobre a campanha em unidades de saúde, além de locais de alta circulação, como aeroportos, shoppings, academias e restaurantes.
Uma camisa com o slogan do “Dia D”, ainda não anunciado, deve ser feita pelos organizadores, além de máscaras personalizadas.
Sem dar detalhes, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, divulgou o evento na quinta-feira (24) durante reunião com gestores de Estados e municípios.
“É um esforço nacional que o SUS está fazendo para divulgar melhores práticas, para que possamos salvar mais vidas”, disse.
Pazuello afirmou que há “pessoas sendo iludidas no País” sobre o tratamento.
“Até hoje você encontra cartazes dizendo: está com covid, fique em casa até ter falta de ar.
O Ministério da Saúde e gestores de Estados e municípios concordam que o diagnóstico e tratamento célere podem reduzir chances de que o quadro da covid-19 se agrave.
Kit coronavírus
Mas o governo Bolsonaro defende que a base do tratamento seja o uso do chamado kit covid, opinião distinta a de diversos secretários locais, que se utilizam de informações científicas para a tomada de decisão.
Por divergências com Bolsonaro sobre prescrição desses medicamentos, dois ministros da Saúde deixaram o governo: Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Nelson Teich.
Na gestão Pazuello, o ministério passou a orientar o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina, associadas ao antibiótico azitromicina, desde o primeiro dia da doença.
Os estoques de cloroquina feitos pelo Laboratório do Exército e Fiocruz para a covid-19 já se esgotaram.
O ministério agora tenta distribuir os 2 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina que recebeu de doação do governo dos Estados Unidos.
O produto, no entanto, foi enviado em embalagens com cem unidades e precisa ser fracionado.
Essa operação tem sido bancada por Estados e municípios que pedem para receber a droga.
Procurado, o Ministério da Saúde afirmou que as ações do “Dia D” ainda estão sendo planejadas. O Palácio do Planato declarou que não há previsão de pronunciamento de Bolsonaro em rede nacional.
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Foto: reprodução