O primeiro debate da disputa interna do PSDB para escolher o nome que irá concorrer à presidência da República nas eleições de 2022, realizado nesta terça-feira (19), pelos jornais O Globo e Valor Econômico, contou com os governadores de São Paulo, João Dória, do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e com o ex-prefeito de Manaus, Arthur Neto. A manutenção do benefício fiscal na Zona Franca de Manaus (ZFM) e Amazônia foram dois temas recorrentes no debate e Arthur questionou fortemente os seus concorrentes, João Doria/SP e Eduardo Leite/RS sobre o assunto.
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“Por que não nos concentrarmos e cuidarmos das questões públicas e deixar esses ‘triques-triques’ de lado? Eu quero a unidade do PSDB. As prévias devem ter um limite, que é o de ficarmos unidos para obter a vitória”, afirmou Arthur, que é diplomata de carreira, ex-senador e ex-prefeito de Manaus. “Sou visto como uma árvore solitária, mas as árvores solitárias são as que crescem mais forte”, disse.
Amazônia e ZFM
Arthur Virgílio foi muito questionado por jornalistas que participaram do debate sobre a Zona Franca de Manaus e a Amazônia.
A jornalista Míriam Leitão, que se posiciona contra a ZFM, perguntou se não é mais eficiente redirecionar os recursos que financiam a indústria do Amazonas para produtos da floresta, de imediato.
“Se acabarmos com a Zona Franca hoje, a floresta cai, tomba literalmente. Por mais que se critique o modelo, ele é a única fonte de renda que sustenta o povo do Amazonas e o único modelo que sustenta a floresta em pé. Se não tivermos alternativas de curto prazo, vamos ter uma catástrofe social. O que eu quero é que apressemos a pesquisa, os estudos, os investimentos, que não neguemos participação estrangeira para colocarmos em ação a economia do bionegócio”, afirmou.
Arthur também respondeu ao jornalista Merval Pereira sobre avançar, gradativamente, na economia verde.
“Eu entendo que é uma questão custo benefício, os benefícios fiscais para manter a floresta em pé. Isso é muito? Quanto mais pudermos avançar na economia verde melhor, mas de imediato, não temos alternativas”, explicou.
Sobre as propostas concretas para a Amazônia, Arthur Neto disse que quer governar com a ciência. “Sem dúvida, marchar para economia verde é uma questão de sobrevivência da nação. Precisamos dar dinheiro aos órgãos de pesquisa, nossos cientistas estão atrasados. Eu acredito que a floresta está se deteriorando e, se nada for feito, antes de chegar ao final, haverá uma intervenção internacional sobre a Amazônia”, alertou.
“Não tem Brasil, se não tiver Amazônia, se não tivermos consciência que a última fronteira de desenvolvimento para o Brasil é o desenvolvimento sustentável, não pode continuar essa farra de desmatamento, de garimpo clandestino. O Ministério da Ciência e Tecnologia tem 1% dos recursos do orçamento. Isso não pode continuar”, concluiu Virgílio.
Para Arthur, existem dois tripés para o desenvolvimento do país. “Na economia, o tripé maroeconômico com câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e inflação controlada. E o tripé macropolítico da diplomacia, ecologia e economia. Esse tripé não pode ser quebrado, de jeito nenhum”, afirmou.
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Foto: Karla Vieira/Assessoria AVN