Moradores da Favela do Jacarezinho dizem que vĂ­timas foram executadas

Para defensores pĂºblicos, alĂ©m das denĂºncias, fotos compartilhadas em redes sociais e tambĂ©m tiradas por fotojornalistas demonstram que a polĂ­cia "desfez" a cena de crimes

OperaĂ§Ă£o policial deixa 25 mortos na Favela do Jacarezinho

Publicado em: 07/05/2021 Ă s 09:24 | Atualizado em: 07/05/2021 Ă s 09:47

Moradores da Favela do Jacarezinho denunciaram, em vĂ­deos publicados em redes sociais e em relatos Ă  Defensoria PĂºblica, que suspeitos foram executados durante a operaĂ§Ă£o policial na comunidade, na quinta-feira (6).

Na aĂ§Ă£o mais letal da histĂ³ria do estado do Rio de Janeiro, 25 pessoas foram mortas baleadas – incluindo um policial civil.

Em um dos vĂ­deos, exibido no Jornal Nacional, uma moradora filma um policial e afirma que o suspeito quer se entregar.

A mulher acusa os agentes de tentarem “encurralar” moradores para evitar que eles chegassem atĂ© o local onde supostamente o homem teria se rendido.

Para defensores pĂºblicos, alĂ©m das denĂºncias, fotos compartilhadas em redes sociais e tambĂ©m tiradas por fotojornalistas demonstram que a polĂ­cia “desfez” a cena de crimes.

Para eles, mais um indicativo de que houve execuções de suspeitos – sem chance de rendiĂ§Ă£o.

“O saldo do dia Ă© muito impactante. Chama atenĂ§Ă£o uma coisa que eu acho que a gente precisa apurar: quantas dessas pessoas chegaram mortas ao hospital. Isso Ă© um indicativo de que pode ter ocorrido, sim, desfazimento de cena de crime”, afirmou a defensora pĂºblica Maria Julia Miranda, que esteve no Jacarezinho na quinta-feira.

Durante a entrevista coletiva para detalhar a aĂ§Ă£o, a polĂ­cia negou veementemente qualquer irregularidade durante a operaĂ§Ă£o.

O delegado Rodrigo Oliveira, subsecretĂ¡rio operacional da Secretaria de PolĂ­cia Civil, declarou que “se alguĂ©m fala em execuĂ§Ă£o nessa operaĂ§Ă£o, foi no momento em que o policial foi morto com um tiro na cabeça”. O agente AndrĂ© Farias morreu ao ser atingido enquanto tentava retirar uma barricada.

O MinistĂ©rio PĂºblico estadual informou que vai investigar relatos de abusos policiais, que incluem tambĂ©m invasĂ£o a casas e truculĂªncia contra moradores.

Sangue e corpos arrastados

Imagens obtidas pelo G1 mostram a casa de uma das pessoas que vivem na favela com o chĂ£o coberto de sangue, e marcas aparentando que corpos foram arrastados pelo piso.

Oficialmente, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Secretaria de PolĂ­cia Civil – grupo considerado de elite que integrou a aĂ§Ă£o – informou, em nota, ter perseguido dois criminosos que invadiram a casa e fugiram atĂ© o segundo andar da residĂªncia.

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Foto: ReproduĂ§Ă£o Redes Sociais