Novo indicado à Petrobrás recusa convite e Lira rejeita assessor de Guedes 

A negativa do ex-presidente da ANP Décio Oddone se soma a outras duas dos últimos dias, que levaram o governo a um impasse

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Publicado em: 05/04/2022 às 20:29 | Atualizado em: 05/04/2022 às 20:29

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) sondou o ex-presidente da ANP (Agência Nacional de Petróleo) Décio Oddone (foto) para ocupar uma vaga no conselho da Petrobrás, mas o executivo negou o convite. O plano era, com isso, indicá-lo para a presidência da estatal. A reportagem é da Folha.

Em outra frente, o opção por Caio Mário Paes de Andrade, assessor do ministro Paulo Guedes (Economia) ganha força pela dificuldade do governo de encontrar um nome, mas conta com um veto de peso: o de Arthur Lira (Progressistas-AL), presidente da Câmara dos Deputados. 

A negativa do ex-presidente da ANP se soma a outras duas dos últimos dias, que levaram o governo a um impasse.

Bolsonaro precisa de nomes para presidir a companhia e seu conselho até a assembleia de acionistas, marcada para o próximo dia 13. 

Engenheiro, Oddone preside desde 2020 a Enauta, empresa de exploração e produção de petróleo e gás. Assim, segundo integrantes do governo, ele esbarraria nos mesmos empecilhos de compliance que Adriano Pires, que negou na segunda-feira (5) o convite para presidir a estatal. 

Com dificuldade para encontrar outra opção, aliados do Planalto dizem que a ideia de emplacar Paes de Andrade, secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia se fortalece. 

Nos bastidores da Economia, há a avaliação de que, embora ele não tenha experiência no setor de óleo e gás, o atual secretário não deve ter impedimentos para cumprir a nova função. 

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O presidente da Câmara, por sua vez, diz a interlocutores acreditar que o fato de Paes de Andrade não ter experiência fará com que ele não consiga resolver o problema do preço dos combustíveis. 

O deputado avalia, ainda, que Pires tinha mais traquejo para comandar a estatal e promover as mudanças necessárias para evitar altas no valor dos combustíveis. 

Aliados de Bolsonaro, que também defendem um nome do setor para a companhia, querem que ele participe mais de perto das sondagens, hoje feitas pelo Ministério de Minas e Energia.

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Irritação 

Segundo auxiliares palacianos, Bolsonaro está muito irritado com o episódio e quer resolver o imbróglio o mais rápido o possível. Já o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tem defendido ter calma para encontrar um nome que seja definitivo. 

O presidente Jair Bolsonaro decidiu nesta segunda-feira (28) demitir o general Joaquim Silva e Luna do comando da Petrobrás 

A demissão do general ocorre após a Petrobrás anunciar um mega-aumento nos preços da gasolina (18,8%), do diesel (24,9%) e do gás de cozinha (16,1%).

A queda de Luna 

Silva e Luna foi substituído pelo economista Adriano Pires, que já era conselheiro do governo e defendeu publicamente a necessidade de não repassar a volatilidade do petróleo para o consumidor.

Na noite de segunda-feira (4), Adriano Pires encaminhou uma carta para Albuquerque negando o convite para a sucessão do general Joaquim Silva e Luna no comando da estatal. 

“Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da presidência da Petrobrás. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura, consultoria que fundei há mais de 20 anos e que hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo”, afirmou Pires em carta divulgada pelo ministério no início da noite de segunda. 

Na prática, apesar de a troca ter sido anunciada, ela só ocorreria no próximo dia 13, na assembleia geral de acionistas da empresa, quando o governo apresenta sua lista de representantes ao conselho. 

Em nota na segunda-feira, a estatal confirmou que recebeu dois ofícios do Ministério de Minas e Energia sobre as desistências de Pires e Rodolfo Landim —que havia sido indicado pelo governo para presidir o conselho da companhia—, e que não recebeu informações sobre os nomes substitutos. 

Esta será a terceira troca no comando da empresa durante a gestão Bolsonaro, e ocorre em um momento especialmente sensível 

Foto: Sopesp/divulgação