A nota da Polícia Federal em que afirma não haver “mandante nem organização criminosa” por trás dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari, na Amazônia, “é precipitada, desrespeitosa e espantosa”.
É uma declaração jogada ao vento antes mesmo que as investigações deem todas as respostas exigidas para o episódio trágico. Antecede, por exemplo, a completa identificação dos corpos.
Do jeito que a polícia do governo Bolsonaro faz está deixando uma péssima impressão: a de que alguém mandou enterrar a investigação.
A análise é do colunista Josias de Souza, no portal do UOL .
Conforme ele, a polícia, ao mesmo tempo em que “desrespeita os familiares dos mortos e todos os que esperam por uma investigação criteriosa, profunda e definitiva”, também despreza quem pode ajudar na investigação.
É o caso, por exemplo, dos indígenas. Não à toa, a Univaja, que representa os habitantes do Vale do Javari, no Amazonas, reagiu de imediato à nota da polícia.
E fez isso fazendo lembrar que muito do que foi conseguido até aqui na elucidação é graças à colaboração dos moradores e indígenas da região.
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Ajuda ignorada
Dessa forma, a Univaja “estranha que estejam sendo ignorados dados que repassou ao Ministério Público, à Funai e à própria PF”. Entre eles, o de que os irmãos Oliveira integram organização criminosa da região.
O estranhamento da entidade é maior a partir da nota porque as informações que compartilhou apontam para “criminalidade graúda” na Amazônia.
Some-se a isso a desconfiança generalizada de que os irmãos Oliveira não parecem ter capacidade de engendrar, sós, um plano criminoso de tal monta.
Em suma, a polícia e o governo devem uma satisfação mais convincente à sociedade para debelar a desconfiança de que há “gente interessada em enterrar viva uma investigação incômoda para o governo”.
Foto: reprodução/vídeo