Duas semanas após manifestações contra o governo Jair Bolsonaro em dezenas de cidades do país, apoiadores do presidente pretendem realizar uma grande motociata neste sábado (12) em São Paulo.
O ato ganhou o nome de ‘Acelera para Cristo’, sendo promovido nas redes sociais como uma versão evangélica das motociatas bolsonaristas realizadas em maio em Brasília e Rio de Janeiro.
Igrejas, porém, negam estar por trás da convocação. Quem batizou o evento com esse nome e se colocou como coordenador foi o comerciante evangélico Jackson Vilar, dono de uma loja de móveis no Capão Redondo, zona sul de São Paulo.
Leia mais
Ele tem promovido intensamente o ato, inclusive com um cadastro online para sorteio de uma moto entre os que comparecerem à motociata e doarem um quilo de alimento.
Sua atuação, porém, irritou motoclubes que apoiam Bolsonaro e veem uma tentativa do comerciante em se aproveitar politicamente da mobilização.
Em 2018, ele foi candidato a deputado federal, mas não conseguiu se eleger. Embora já apoiasse Bolsonaro, concorreu pelo Pros, que em 2018 estava coligado com o PT.
Em seu perfil no Facebook, o integrante do motoclube Força e União Juan Brey disse que a mobilização é “espontânea” e em “apoio incondicional” a Bolsonaro.
“Não precisamos (de) organização nem puxadores, assim como aconteceu nas anteriores (em Brasília e no Rio). E lamentamos que tenha pessoas inescrupulosas querendo angariar popularidade e lucros político partidários”, criticou.
Desavença entre apoiadores
Conforme o colunista Chico Alves , o clima está ruim entre integrantes dos principais moto clubes paulistas.
Um dos maiores pontos de discórdia é justamente a forma usada por Jackson Villar para atrair público.
Tanto o sorteio de moto quanto o cadastramento exigido para os pilotos que forem à ‘motociata’ são motivos de críticas.
Cezar Augusto Oliveira, conhecido como Cezinha, do moto clube Carpe Diem, explica as causas da contrariedade. “Nos dois eventos realizados em Brasília e no Rio o movimento foi espontâneo dos motociclistas”, comentou à coluna.
“De repente alguém aparece encabeçando esse movimento como se fosse motociclista, ainda oferecendo sorteio de uma ‘linda moto’ e induzindo a pessoa que quer participar a preencher um formulário”.
Jackson Villar é criticado por participantes dos moto clubes e acusado de ser alguém de fora do meio que quer apenas se aproveitar da classe e da popularidade de Bolsonaro para se promover.
Leia mais no UOL.
Foto: Marcos Corrêa/PR