A primeira mulher a presidir uma comissão indígena da OAB-AM, a advogada Adriana Inory, da etnia Kanamari, tomou posse terça-feira, dia 16.
A advogada presidirá a Comissão de Amparo e Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB-AM).
O objetivo da comissão é assegurar a proteção dos direitos dos povos indígenas. Como informa o site Segundo a Segundo.
Na comissão, ela promoverá maior interação da OAB-AM com esse público ao impulsionar estratégias e diretrizes gerais para a proteção e amparo dos direitos das populações indígenas no estado do Amazonas.
Segundo Adriana Kanamari, a atuação da comissão cria a possibilidade de divulgar as diversas etnias da região, firmar diálogos e projetos para defesa e proteção dos direitos dos povos originários.
Nesse sentido, a advogada explicou:
“A comissão realizará estudos para atuar na defesa das pautas indígenas, pretendemos trabalhar em parceria com instituições públicas e sociedade civil”.
Adriana acrescentou que é importante para que percebam a realidade e possam assumir o compromisso de fortalecer políticas públicas voltadas a este segmento.
“Nosso intuito é firmar diálogos, projetos futuros que possam contribuir para o empoderamento dos povos originários”, disse a advogada.
Projeto da comissão
Dessa forma, o projeto da comissão prevê também palestras e cursos. O objetivo é gerar reflexão sobre as influências da cultura indígena. Além de abordar temas relacionados a sustentabilidade e meio ambiente.
“Abordar a cultura indígena na OAB-AM é uma forma de ampliar o conhecimento sobre a sociedade brasileira para além do foco eurocêntrico. É abrir possibilidades para adentrar novas formas de ver e pensar sobre as etnias indígenas, trazendo conhecimento sobre sua história e trajetória. Por isso, assegurar nossos direitos fundamentais é o papel da comissão”, afirma.
Ao mesmo tempo, ela ressalta que a cultura indígena tem muito a ensinar sobre sustentabilidade.
“O cuidado com a terra, com os animais e com as florestas, transmitidos de geração para geração, serão temas de nossas atividades. Precisamos estar atentos e resistir à ameaça de destruição do meio ambiente e dos recursos naturais”, destaca Adriana Kanamari.
Desse modo, entre os componentes da comissão estão, os advogados Fernando Cruz (vice-presidente), Natividade Maia (secretária), Carlos Alvarenga (diretor financeiro), entre outros profissionais.
Indígena da etnia Kanamari a ter OAB
Assim, natural de Itamarati (município distante 986 km de Manaus), Adriana Inory Kanamari não é apenas a primeira mulher a presidir uma comissão indígena da OAB-AM.
Sobretudo, também é a primeira e por enquanto, a única advogada da etnia Kanamari a ter inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. Ela conta que após anos de estudo e dedicação, realizou o sonho de se formar.
“Meus pais não tiveram oportunidade de frequentar uma escola, mas queriam que os filhos estudassem. Parte da minha infância, vivi no seringal Petrópolis, vulgo Aracu, depois a família foi para a parte urbana da cidade para termos mais oportunidades. O desejo de continuar os estudos sempre me acompanhou. Assim, aos 22 anos eu me mudei para Manaus em busca do sonho de cursar a Universidade de Direito”.
Então, após 6 anos de estudo e dedicação, aos 27 anos, Adriana Kanamari foi aprovada no vestibular de Direito via PROUNI (Programa Universidade Para Todos).
Portanto, ela concluiu o curso em 2017 e no mesmo ano foi aprovada no concorrido exame da OAB, sendo a primeira indígena de sua etnia a ter a inscrição.
“Tenho muito orgulho de não ter desistido diante de todos os desafios que enfrentei e até hoje ainda encontro por ser indígena. Para mim, isso tem um peso e representatividade. Nossa luta para ocupar os espaços que são nossos de direito, é uma forma de honrar meus ancestrais. Por isso, ressalto que a criação da comissão busca, na sua essência, combater o preconceito e o racismo contra indígenas”, afirma Adriana Kanamari.
A advogada é responsável por idealizar o projeto de criação da comissão de Amparo e Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da OAB-AM.
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Foto: Divulgação/OAB-AM