Suspeitos de serem os responsáveis pelo rompimento criminoso da Barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, oito funcionários da Vale foram presos temporariamente nesta sexta-feira (15).
O rompimento da barragem matou centenas de pessoas no dia 25 de janeiro.
Até a quinta-feira (14), 166 mortes estavam confirmadas e 147 pessoas estavam desaparecidas. As buscas continuam na área atingida pela lama.
De acordo com a Agência Brasil, a operação foi deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), com o apoio das polícias civis e militares dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Entre os presos estão quatro gerentes e quatro técnicos diretamente envolvidos na segurança e estabilidade do empreendimento.
Todos ficarão detidos por 30 dias e serão ouvidos pelo MP-MG em Belo Horizonte.
Além dos crimes de homicídio qualificado, eles poderão responder por crimes ambientais e falsidade ideológica.
Foram cumpridos ainda 14 mandados de busca e apreensão nos três estados, incluindo a sede da empresa Vale no Rio.
Foram levados pelos agentes computadores e documentos em diferentes endereços.
Também são alvos dos mandados de busca e apreensão quatro funcionários da empresa alemã Tüv Süd, que prestou serviços de estabilização da barragem rompida para a Vale, entre eles, um diretor.
“Os documentos e provas apreendidos serão encaminhados ao MP-MG para análise. De acordo com os promotores de Justiça, as medidas estão amparadas em elementos concretos colhidos até o momento nas investigações conduzidas pela força-tarefa e são imprescindíveis para a completa apuração dos fatos”, diz a nota do MPMG.
Vale colabora
Em nota, a Vale informou que continua colaborando com as autoridades responsáveis pelas investigações.
“A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas”.
De acordo com o G1 , os detidos são: Alexandre de Paula Campanha, Artur Bastos Ribeiro, Cristina Heloíza da Silva Malheiros, Felipe Figueiredo Rocha, Hélio Márcio Lopes da Cerqueira, Joaquim Pedro de Toledo, Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo e Renzo Albieri Guimarães Carvalho.
Um dos alvos da operação, Campanha foi apontado por um engenheiro da TÜV SÜD, empresa que atestava a segurança de barragens da Vale, como funcionário da mineradora responsável por pressionar para que o laudo atestasse a estabilidade da barragem que se rompeu em Brumadinho.
Campanha foi preso em casa, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Pressão por assinatura
A declaração foi dada à polícia pelo engenheiro Makoto Namba, da TÜV SÜD, que afirmou ter sido pressionado por Campanha a assinar o laudo.
Namba disse à PF ter respondido que a empresa assinaria o laudo se a Vale adotasse as recomendações indicadas na revisão periódica de junho de 2018, mas assinou o documento.
Há duas semanas, o MP-MG, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal conduziram outra ação em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho, que resultou na prisão temporária de três funcionários da Vale responsáveis pelo empreendimento e dois engenheiros terceirizados que atestaram a segurança da barragem. Eles já foram liberados.
Foto: Divulgação/Defesa Nacional Israelense