O rei da Noruega Harold V esteve no Brasil, sigilosamente, em abril de 2013 e passou quatro dias numa comunidade ianomâmi na Amazônia. A informação foi revelada pelo general Eduardo Villas Bôas , no programa Conversa com Bial , em 19 de setembro de 2017. Ele estava no cargo de comandante do Exército que se encerrou em janeiro deste ano, e disse que a presença de estrangeiros nas florestas da Região Norte representa um “déficit de soberania”.
O assunto volta à tona, por meio de publicação, desta quarta-feira (28), no portal Jornal da Cidade Online e no portal G1 em 2013 , no momento em que o governo brasileiro discute soberania nacional com outros países por conta dos desastres ambientais que ocorrem no Brasil, com gravidade na Região Amazônica .
Villas Bôas, ainda gozando de boa saúde, respondeu a várias perguntas do entrevistador e numa delas o militar entrou no contexto da proteção da Amazônia e no quesito soberania (veja o trecho no vídeo no final do texto ).
O general contou que a presença do monarca norueguês em terras indígenas se deu por conta de acordo firmado com o governo brasileiro. E na visita sigilosa ele esteve na reserva ianomâmi, no estado de Roraima, para a surpresa do Exército.
Na época, o então comandante militar da Amazônia, cuja base fica em Manaus, estava numa operação na região conhecida como Cabeça do Cachorro , município de São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Amazonas.
Villas Bôas conta no programa que recebeu um telefonema de um comandante de batalhão, relatando a presença do rei em aldeia ianomâmi.
E disse ter imaginado que se tratava de alguma “piada” e questionou o emissário da informação: “Você perdeu a cabeça?”
Mas o informante estava certo. A informação era verídica.
A presença da majestade norueguesa na Amazônia, foi resultado de acordo secreto, à época, realizado entre o país europeu e o Ministério da Justiça, o Ministério das Relações Exteriores e a Fundação Nacional do Índio (Funai), contou o general.
O relato do comandante se confirmava com texto publicado pelo Instituto Socioambiental . “O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, da Funai e da Polícia Federal, foi sensível e deu todo o apoio necessário, atuando para que, durante a visita, a segurança do monarca fosse garantida, com respeito à sua privacidade, pois não se tratava de uma visita oficial”.
Para Villas Bôas, a presença do rei da Noruega e do príncipe Charles, este durante a homologação da demarcação de terras em Raposa Serra do Sol (2005), também em Roraima, representa um “déficit de soberania” nacional e narrou números da floresta brasileira e, em especial, da Amazônia.
O rei Harold V e Davi Kopenawa
Visita do rei
A visita do rei Haroldo V está registrada no Wikipédia. E confirma que ela aconteceu na comunidade Watoriki (Demini), situada a 150 quilômetros a oeste de Boa Vista, Roraima, na manhã do dia 22 de abril de 2013, quando foi recepcionado pelo líder ianomâmi, Davi Kopenawa , e pelas 190 pessoas que se encontravam lá.
De acordo com o Wikipédia, durante os quatro dias em que ficou na aldeia, o rei dormiu em rede, comeu carne de caça com beiju, ouviu histórias dos antigos, viu o que os ianomâmis cultivam em suas roças e como se relacionam com a floresta amazônica.
Os ianomâmis também lhe contaram sobre as preocupações com a ambição dos brancos pelos minérios que estão sob a terra, o que resulta na invasão e degradação da floresta pelo garimpo ilegal.
Também manifestaram seu temor com relação ao projeto de legalização da mineração em Terras Indígenas que tramita no Congresso Nacional.
No terceiro dia da visita (25 de abril), houve troca de presentes simbolizando a amizade entre o rei Haroldo V e Davi Kopenawa.
O rei deu a Davi um álbum com fotos pessoais, e Davi deu ao rei um bracelete tradicional, que simboliza a beleza e a força dos pajés, segundo o Wikipédia.
Veja o vídeo:
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Fotos: Marcos Wesley/Instituto Ambiental (ISA)