Rios de terras ianomâmis estão 8600% contaminados por mercúrio

O laudo é da PF. Em 30 anos, a terra ianomâmi vive a pior devastação da história; em um ano, houve aumento de 46% de degradação

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Publicado em: 06/06/2022 às 22:57 | Atualizado em: 06/06/2022 às 22:57

Rios na Terra Indígena Yanomami, maior reserva do Brasil, estão envenenados por mercúrio no estado de Roraima. É o que atesta um laudo da Polícia Federal.

De acordo com o laudo, quatros rios da região tem alta contaminação por mercúrio: 8600%  superior ao estipulado como máximo para águas de consumo humano. A reportagem é do G1 de Roraima.

Foram analisadas amostras das águas correntes dos rios Couto de Magalhães, Catrimani,  Parima e Uraricoera, próximos a garimpos ilegais onde os invasores usam produtos nocivos à natureza, principalmente o mercúrio, durante a extração de minérios. 

Em relação às águas que podem ser destinadas para irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas, forrageiras, a pesca amadora e a navegação, as amostras apresentaram um teor de mercúrio de 860% nas amostras. 

O objetivo da perícia, obtida com exclusividade pela Rede Amazônica, era identificar e quantificar a presença e concentração de contaminantes relacionados a atividade de extração do ouro nos garimpos ilegais dentro da Terra Indígena Yanomami. 

Altamente tóxico, o mercúrio é usado pelos garimpeiros para separar o ouro de outros sedimentos e, assim, deixá-lo “limpo”. Após isso, a substância é jogada nos rios, causando poluição ambiental e impactando na saúde dos indígenas.

Semana passada, foi apreendido 1Kg do metal na operação Xapiri, de combate ao garimpo na Terra Yanomami. 

Uma pesquisada Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado em 2016, revelou que indígenas de comunidades próximas ao Uraricoera tinham alto nível de mercúrio o organismo, com 92,3% de contaminação. 

O estudo deste ano da PF também mencionou um aumento das áreas afetadas pelo garimpo.

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Entre 2018 e 2021, os peritos identificaram que na região do rio Uraricoera, um dos mais afetados pelo garimpo, houve um aumento de 505% da área garimpada.

Em 30 anos, a Terra Yanomami vive a pior devastação da história, com aumento de 46% de degradação da floresta em um ano. 

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Foto: Amazônia Real/Alberto César Araújo/acervo/reprodução