Comedido, disciplinado e sem apego a gestos extravagantes, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, mantém publicamente o comportamento de que está com o time.
Nos bastidores, porém, já teria cogitado com assessores mais próximos a possibilidade de deixar o barco do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).
Moro não consegue transitar com tranquilidade entre a classe política e acredita estar sendo sabotado em sua gestão.
A insatisfação maior se deve ao pouco caso que o Congresso Nacional deu ao seu “filho querido”, o pacote de medidas para combater a violência e criminalidade.
Bolsonaro deve perder Moro se levar adiante a sugestão de parlamentares de tirar das mãos do ministro o comando do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e passar à alçada do já superpoderoso Paulo Guedes, do Ministério da Economia.
“O Coaf é órgão de inteligência contra a lavagem de dinheiro. Não se combate o crime atualmente sem enfrentar a lavagem de dinheiro. Tem que confiscar e asfixiar economicamente o crime organizado. Corrupção também”, disse Moro no Twitter.
Sem o Coaf, Moro ficaria sem o cérebro para realizar operações contra a corrupção do porte da Lava Jato. É com o órgão que o ministro quer estancar a sangria da lavagem de dinheiro no país. Afinal, por lá passam os registros de tudo que é operação financeira.
Neste dia 2, porém, Bolsonaro afirmou que vai recuar da ideia de enfraquecer Moro. Em transmissão por rede social, ele disse:
“No que depender de nós, ele fica no Ministério da Justiça e Segurança, até porque é uma ferramenta na mão desse ministério para combater lavagem de dinheiro e corrupção”.
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Segurança e nova guerra
O ex-juiz da operação Lava Jato agora mira sua defesa na manutenção da segurança pública no Ministério da Justiça.
E a ideia de tirar a segurança pública vem de um dos líderes de Bolsonaro no PSL, o senador Major Olímpio (SP), que integra comissão especial que analisa medida provisória sobre o tema.
“Eu vou continuar defendendo o Ministério da Segurança Pública. Eu ainda acho que foi um retrocesso a extinção da pasta […] Já conversei com o ministro Moro em outras oportunidades. Ele tem uma visão diferente. Mas costumo dizer que um ministério desse tamanho parece ser um pato. Pato anda, corre, voa, mas faz tudo mal feito”, disse o senador ao jornal O Globo .
Sorte de Moro que no Congresso há quem veja essa medida como ruim para o governo de Bolsonaro e uma “rasteira” no ministro.Parte superior do formulário
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Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil