TCU destitui auditor que preparou estudo falso sobre covid-19
O “estudo paralelo” foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro, na segunda-feira (7), como sendo do TCU

Ednilson Maciel
Publicado em: 09/06/2021 às 07:25 | Atualizado em: 09/06/2021 às 07:25
O Tribunal de Contas da União (TCU) destituiu o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, autor de um “estudo paralelo”. Ele sustenta que metade das mortes creditadas à covid-19 não ocorreu por causa da doença.
Dessa forma, a presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministra Ana Arraes, autorizou a abertura de processo administrativo disciplinar contra o auditor.
Segundo o Correio Braziliense, Marques já foi destituído de suas funções de supervisor no Núcleo de Supervisão de Auditoria do tribunal. No lugar dele vai assumir Fábio Mafra.
O corregedor da Corte, ministro Bruno Dantas, afirmou que “os fatos até aqui apurados pela Corregedoria são graves e exigirão aprofundamento para avaliar a sua real dimensão”.
De acordo com o corregedor, se ficar comprovado que o auditor utilizou o cargo para induzir uma linha de fiscalização orientada por convicções políticas, isso será punido exemplarmente.
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Presidente Bolsonaro
O “estudo paralelo” foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro, na segunda-feira, como sendo do TCU.
“Ali, o relatório final não é conclusivo, mas disse que em torno de 50% dos óbitos por covid no ano passado não foram por covid, segundo o Tribunal de Contas da União”, enfatizou o mandatário.
De acordo com o chefe do Planalto, o documento tinha saído havia “alguns dias”. “Logicamente que a imprensa não vai divulgar. (…) Como é do TCU, ninguém queria me criticar por causa disso. Isso aí, muita gente suspeitava. Muitos vídeos que vocês viram de WhatsApp etc, de pessoas reclamando que o ente querido não faleceu daquilo. Está muito bem fundamentado, todo mundo vai entender, só jornalista não vai entender”, acrescentou.
Horas depois, porém, a própria Corte contestou a declaração.
“O TCU esclarece que não há informações em relatórios do Tribunal que apontem que ‘em torno de 50% dos óbitos por covid no ano passado não foram por covid’, conforme afirmação do presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje (segunda-feira)”, disse, em nota.
“Ressalta-se, ainda, que as questões veiculadas no referido documento não encontram respaldo em nenhuma fiscalização do TCU. Será instaurado procedimento interno para apurar se houve alguma inadequação de conduta funcional no caso”, completa o comunicado.
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CPI da covid avalia convocá-lo
O auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, do Tribunal de Contas da União (TCU), entrou na mira da CPI da covid por ter elaborado um “estudo paralelo” sustentando que metade das mortes atribuídas à covid-19 ocorreu por outros motivos.
O senador da oposição Humberto Costa (PT-PE) protocolou, ontem, um requerimento para convocar o servidor.
Para embasar o pedido, o parlamentar citou a reportagem do jornalista Vicente Nunes, do Correio Braziliense, que revelou a autoria do estudo paralelo.
“Entendo importante o depoimento do convocado”, enfatizou. Em seguida, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pediu para que o colega acrescentasse um requerimento de quebra de sigilo. “Faz logo um pedido completo para a gente votar amanhã (hoje)”, afirmou.
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Foto: Divulgação/TCU