Vacina brasileira vai imunizar por um tempo maior que as demais
A premissa era a de se produzir um imunizante que o Brasil fosse autosuficiente tecnologicamente, justamente para evitar problemas no abastecimento de insumos

Diamantino Junior
Publicado em: 07/03/2021 ร s 15:57 | Atualizado em: 07/03/2021 ร s 15:57
A Agรชncia Nacional de Vigilรขncia Sanitรกria (Anvisa) recebeu informaรงรตes deย trรชs estudos de vacina brasileira contra a covid-19.
Um destes imunizantes ainda em fase prรฉ-clรญnica รฉ da Farmacore Biotecnologia, em parceria com a americana PDS Biotechnology e a Faculdade de Medicina da USP de Ribeirรฃo Preto.ย
Em entrevista para aย CNNย neste domingo (7), a CEO da Farmacore Biotecnologia, Helena Faccioli, explica que a grande diferenรงa deste imunizante, em fase de testes em animais, รฉ a longa duraรงรฃo da aรงรฃo protetiva.ย
โA gente tem testes de longo prazo em animais que mostram que depois de alguns meses, se vocรช expรตe de novo os animais ao coronavรญrus, o corpo ainda produz uma resposta imunolรณgica. Entรฃo, ele tem uma duraรงรฃo maior no organismo das pessoas do que outras vacinas. Ela vai proteger por mais tempoโ, diz.
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Faccioli explica que jรก foram submetidos para a Anvisa todos os dados prรฉ-clรญnicos. E que assim que aprovados, a previsรฃo รฉ que neste semestre se iniciem os testes em humanos.
โNรณs jรก estamos em negociaรงรฃo com os centros clรญnicos e jรก tem uma seleรงรฃo de quem vai executar o ensaio clรญnico para a gente”, diz a CEO. “Agora, depende da nossa interaรงรฃo com a Anvisa para conseguirmos comeรงar. Mas vai comeรงar neste semestre, certezaโ, afirma a CEO.
De acordo com Helena Faccioli, os resultados finais de alguns testes em camundongos serรฃo finalizados no mรชs de marรงo.
“Para, entรฃo, submeter o pacote oficial e final com estes dados e obter a anuรชncia para executar o ensaio clรญnico nos voluntรกriosโ, complementa.
Atรฉ agora, a Anvisa jรก teve acesso ร documentaรงรฃo das etapas prรฉ-clรญnicas e, segundo a CEO, a Farmacore vem realizando algumas reuniรตes de acompanhamento com a equipe tรฉcnica da agรชncia.
Tecnologia
Diferentemente dos imunizantes jรก em uso no Brasil, a vacina brasileira da Farmacore aposta no uso de uma proteรญna recombinante derivada do coronavรญrus.ย
“Ela รฉ formada por uma partรญcula nano lipรญdica e uma proteรญna recombinante que รฉ a S1. A S1 รฉ derivada do coronavรญrus. Uma proteรญna segura, de fรกcil manuseio e de fรกcil produรงรฃo. Nรฃo contรฉm pedaรงo de vรญrus ou vรญrus atenuado ou RNA ou DNA. Entรฃo, รฉ simplesmente uma proteรญna recombinante com uma partรญcula nano lipรญdica”, explica.
Faccioli detalha que, desde o projeto inicial, a premissa era a de se produzir um imunizante que o Brasil fosse autosuficiente tecnologicamente, justamente para evitar problemas no abastecimento de insumos.
โNรณs pensamos em tecnologias que fossem de fรกcil produรงรฃo, seguras e que pudessem ser produzidas integralmente no Brasil na fase de vacinaรงรฃo em massa. Algumas etapas, hoje, ainda sรฃo executadas pelo nosso parceiro americano, mas nรณs jรก estamos em conversa e negociaรงรฃo com uma indรบstria farmacรชutica brasileira para que este processo esteja aqui durante a fase 3, que รฉ a mais longaโ.ย
Foto: reproduรงรฃo TV