O Amazonas no pensamento de AnĂsio Jobim

Publicado em: 15/02/2019 Ă s 09:26 | Atualizado em: 15/02/2019 Ă s 09:26
Elson Farias*
Abri o livro O Amazonas – sua histĂ³ria, de AnĂsio Jobim, numa nova ediĂ§Ă£o realizada pela Valer Editora, e desde o primeiro capĂtulo interessou-me sua leitura. Ele conta a histĂ³ria do Amazonas.
SĂ£o 26 capĂtulos de leitura agradĂ¡vel. Fala da aventura de Francisco Orellana e a sua viagem de descobrimento do grande rio, descendo do Peru atĂ© o oceano e, depois, sobre a viagem de volta realizada por Pedro Teixeira.
Esses dois episĂ³dios da nossa histĂ³ria refletem com clareza o duelo de Portugal e da Espanha na conquista do Novo Mundo. Informa sobre a expediĂ§Ă£o de Pedro de UrsĂºa e a lenda do Eldorado, um lugar de maravilhas, onde o ouro desabrocha da terra como flores silvestres numa paisagem paradisĂaca.
Discorre sobre os eventos histĂ³ricos da fundaĂ§Ă£o da cidade de BelĂ©m do ParĂ¡ e põe em destaque o pensamento de Joaquim Nabuco sobre ser a conquista da AmazĂ´nia um dos mais extraordinĂ¡rios feitos da Coroa Portuguesa, na saga dos grandes descobrimentos.
Estuda a situaĂ§Ă£o dos povos da floresta, a questĂ£o indĂgena, o contato do europeu com o amerĂndio e o esforço inĂºtil de escravizĂ¡-lo. Demora-se em interpretar a aĂ§Ă£o dos missionĂ¡rios das diversas ordens religiosas que por aqui estiveram, destacando a missĂ£o dos jesuĂtas que, afinal, deixaram marcas definitivas na formaĂ§Ă£o social e cultural do povo brasileiro.
Relata sobre a berlinda em que ficou a regiĂ£o em consequĂªncia das ambições de domĂnio dos supostos donos do mundo de entĂ£o, os reis de Portugal e da Espanha, e a interferĂªncia mediadora da Santa SĂ© no sentido de paz com a celebraĂ§Ă£o do Tratado de Tordesilhas e, mais tarde, do Tratado de Madri.
AnĂsio Jobim fala, ainda, nesse livro, da realizaĂ§Ă£o do projeto da Coroa Portuguesa na AmazĂ´nia, com a criaĂ§Ă£o da Capitania de SĂ£o JosĂ© do Rio Negro, origem do Estado do Amazonas, registrando a aĂ§Ă£o dos governadores coloniais.
Examina a situaĂ§Ă£o geral da Capitania, a fortificaĂ§Ă£o das fronteiras e a preservaĂ§Ă£o dos seus limites, questĂ£o definitiva na manutenĂ§Ă£o do espaço territorial conquistado. Conta sobre as rebeliões que antecederam as ações da IndependĂªncia e sua repercussĂ£o no Rio Negro.
Discorre sobre a Cabanagem, o movimento rebelde mais significativo dos embates da formaĂ§Ă£o polĂtica regional, iniciado em BelĂ©m do ParĂ¡ e encerrado na cidade amazonense de MauĂ©s. Examina as expectativas histĂ³ricas sobre a criaĂ§Ă£o da ProvĂncia do Amazonas e sua organizaĂ§Ă£o institucional, o perfil humano e profissional dos presidentes provinciais e a exploraĂ§Ă£o do seu potencial econĂ´mico.
Aprecia as melhorias adotadas pelo regime republicano e as consequĂªncias da Revolta Paulista de 1924 e da RevoluĂ§Ă£o de 1930, que mudou o Brasil e propiciou profunda repercussĂ£o no destino dos amazĂ´nidas. Examina, enfim, as questões de limites do Amazonas com os Estados do ParĂ¡ e Mato Grosso.
No final do livro, capĂtulos 25 e 26, traça um perfil bastante ilustrativo dos viajantes e exploradores, soldados, polĂticos e cientistas que, ao lado de homens notĂ¡veis como Samuel Fritz e La Condamine, Alexandre Rodrigues Ferreira, Humboldt, von Spix e von Martius, Wallace, Bates, Agassis, Koch-GrĂ¼mberg, Curt Nimuendaju, revelaram e projetaram a AmazĂ´nia no mundo da ciĂªncia e do pensamento. Fala, ainda, nesses capĂtulos finais do livro, das personalidades de destaque da vida amazonense.
Ao concluir a leitura desse livro, senti-me gratificado por ter aprendido muita coisa sobre a histĂ³ria da AmazĂ´nia e do Estado do Amazonas.
*O autor é escritor e membro da Academia Amazonense de Letras(AAL).
Fotos: ReproduĂ§Ă£o