Por Neuton Corrêa e Rosiene Carvalho , da Redação
Pré-candidato ao Senado, o deputado federal Alfredo Nascimento (PR), em entrevista ao BNC nesta sexta-feira, dia 12, declarou que, na sua opinião, apenas a via judicial pode impedir a vitória do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República em 2018.
“O Lula é candidato fortíssimo a presidente da República, difícil de ser derrotado e a derrota dele só pode ocorrer via justiça. Nada se define antes do julgamento dele”, avaliou.
O julgamento em segunda instância da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do triplex no Guarujá será realizado no dia 24 de janeiro de 2018. Condenado a 9 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo da Lava Jato, Lula, que lidera as pesquisas pré-eleitorais, pode ser preso e ficar inelegível caso a condenação seja confirmada.
PR
Alfredo disse ainda que o PR está “livre, leve e solto” para as Eleições 2018, sem amarras com a aliança de 2017 com o senador Eduardo Braga (PMDB) e pronto para se refazer da derrota na disputa do pleito suplementar.
O “menino prodígio” da sigla, Marcelo Ramos (PR), dará uma recuada na disputa dos cargos Executivos, após duas derrotas seguidas ao se aliar ao grupo político que criticava quando estava na oposição. Na quarentena, o PR escalou Marcelo para disputar uma das vagas para deputado federal.
Alfredo disse que o PR iniciou cedo sua caminhada para 2018 porque pode, inclusive, marchar sozinho por ter tempo de TV e fundo partidário para isso. Para deputado estadual, já fechou questão: será chapa puro sangue para tentar repetir o feito da Câmara Municipal de Manaus (CMM), em 2016, quando elegeu quatro vereadores.
“O PR pode sair só. Pode sair com uma candidatura majoritária ao Senado e não ter candidato ao Governo, por exemplo. Tem fundo partidário e tempo de TV”, cogitou.
Portas abertas
O presidente estadual do PR, no entanto, não descarta nenhum aliança e sinaliza essa predisposição para conversa nas avaliações das lideranças políticas locais.
Disse que a participação do prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB) será fundamental nas Eleições 2018 e que ele faz uma boa gestão na cidade.
Avalia que Amazonino Mendes (PDT) apresentou números razoáveis no balanço de 100 dias e que é o mais preparado para “arrumar a casa”, acrescentando que considera o governador como nome certo nas urnas na disputa pelo Governo do Estado.
Além disso, anunciou a quebra da aliança, mas evitou contenda com Eduardo Braga (PMDB).
Pauderney Avelino
Com longo currículo na administração pública nas esferas municipal, estadual e federal, Alfredo Nascimento não engoliu a provocação feita pelo deputado federal Pauderney Avelino (DEM), no início da semana, e disse que tinha currículo e idade suficientes para tomar decisões sem precisar das opiniões do deputado do DEM.
“Pouco me interessa o que acha ou o que deixa de achar o Pauderney”, disse.
Os dois divergem sobre a Reforma da Previdência. Paurdeney é favorável e Alfredo contra.
Ao dar essa resposta ao possível adversário na disputa pelas duas vagas ao Senado em 2018, Alfredo listou seu currículo: prefeito de Manaus três vezes, vice-governador do Estado, senador da República, secretário de Fazenda do Estado por duas vezes, superintendente da Zona Franca duas vezes, ministro dos Transportes três vezes.
Senado
Alfredo tenta se credenciar ao Senado reativando na memória do eleitorado dados positivos das suas gestões na Prefeitura de Manaus, ressaltando os dois anos em que seus atos como ministro do Transportes estiveram sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal e, ao final, diz ter sido inocentado.
Em 2011, com a base política esfacelada no Amazonas, Alfredo saiu do Ministério dos Transportes sob suspeita de que na gestão dele havia ocorrido o chamado “mensalinho do PR”. A saída do ex-ministro da pasta ficou conhecida como a “faxina da presidente Dilma Rousseff” nos ministérios.
“Tem político que tem ficha corrida e tem político que tem atestado de bons antecedentes. Aquilo me deu um atestado de bons antecedentes”, avalia Alfredo.
Outro cuidado do pré-candidato ao Senado é destacar que o nome dele está fora do âmbito de investigação da Lava-Jato.
Viagens ao interior, reuniões semanais da sigla em Manaus e início de conversas com todos os partidos também estão inclusos na agenda do pré-candidato.
Veja trechos da entrevista:
O projeto que se apresenta hoje não é bom para o País, para o povo e não é bom que seja votado neste momento pelo Congresso Nacional. Mesmo que fosse votado na Câmara, dificilmente, ele será votado no Senado com êxito. Porque o Senado vai renovar dois terço
Neuton Corrêa: O que o senhor acha que ficou travado em 2017 que deveria se tornar imediatamente em lei?
Alfredo Nascimento: Todas as votações que fizemos foram votações tumultuadas porque, apesar de necessárias para o País, tínhamos um governo sem aprovação popular e com uma base muito dividida. Essas votações, em boa parte delas, beneficiaram o País no sentido em que o Estado conseguisse crescer, trazendo bons resultados na área econômica para o País. Há votações que não ocorreram, mas que eram necessárias como a mudança na Previdência. Esse projeto foi enviado para o Congresso pelo presidente (Michel) Temer (PMDB). Na sua origem, era um bom projeto, mas ele foi desfigurado. O projeto que se apresenta hoje não é bom para o País, para o povo e não é bom que seja votado neste momento pelo Congresso Nacional. Eu avalio que, mesmo que fosse votado na Câmara dos Deputados, dificilmente, acho quase impossível, ele ser votado no Senado com êxito. Porque o Senado vai renovar dois terço e as pessoas têm muitas dúvidas sobre essa reforma.
Neuton Corrêa: O Governo tem divulgado que a Reforma é boa para pobres e ruim para os ricos.
Alfredo Nascimento: Conversa, balela. O projeto é ruim para o País. O projeto está fora de tempo. O idealizador desse projeto, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), é candidato a presidente da República com esta bandeira. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), que também levanta esta bandeira, é outro pré-candidato à Presidência. Ora, estão transformando a reforma da Previdência em um projeto político, numa politicagem. Esse projeto tem que ser pauta dos próximos candidatos a presidente da República para que a população dê a esse candidato que ganhe, respaldo para fazer ou não a reforma da Previdência.
Pouco me interessa o que acha ou o que deixa de achar o Pauderney (…)Eu tenho idade, conhecimento e currículo suficientes de serviços prestados ao meu Estado para tomar a decisão acertada.
Rosiene Carvalho: O deputado Pauderney Avelino (DEM) declarou, em entrevista ao BNC esta semana, que o senhor é populista e favorável aos ricos por se posicionar contra a aprovação da reforma da Previdência que, para ele, precisa ser aprovada ainda no Governo Temer. O senhor teve conhecimento dessa declaração dele?
Alfredo Nascimento: Sim. Eu sou leitor do BNC . Olha só, pouco me interessa o que acha ou o que deixa de achar o Pauderney. Ele próprio me deu respaldo dizendo que eu já fui prefeito de Manaus, e fui um bom prefeito, fui vice-governador, superintendente da Suframa, ministro de Estado.. Eu não preciso, portanto, do conselho do Pauderney para tomar a minha decisão. Minha decisão é pessoal e é em favor de se fazer as coisas de maneira correta. Se ele acha que vai penalizar os riscos e aliviar para os pobres, eu acho que é exatamente o contrário. Vai pagar mais quem ganha menos. E o servidor público, em sua inteireza, que paga acima de R$ 5 mil, limite do INSS, esse será todo penalizado. Não tenho nenhuma satisfação a dar ao Pauderney, não sou do partido dele e nem quero saber que posição ele vai tomar. Ele toma a decisão dele e arque com as consequências. E eu arco com as das minhas decisões.
Neuton Corrêa: Começou a disputa pelo Senado, deputado?
Alfredo Nascimento: Não. Eu acho que isso é debate parlamentar. Agora, ele não pode achar que pode mandar na minha decisão. E não manda. Eu tenho idade, conhecimento e currículo suficientes de serviços prestados ao meu Estado para tomar a decisão acertada. Se a minha decisão foi errada, tem uma eleição aí na frente. Portanto, as pessoas que achem que eu votei errado, que me punam.
Rosiene Carvalho: O senhor já derrotou ele uma vez. É o tira-teima? Ou há um outro contexto?
Alfredo Nascimento: Não. É um outro contexto. Acho que o político não tem que ficar fazendo observação sobre os outros. O político tem que cuidar de si. Tem que cuidar das suas posições. Daquilo que ele quer fazer. Legal que ele tome a decisão dele. Mas essa é a minha decisão: sou contra a reforma neste momento. Se nós estamos com R$ 189 milhões de déficit podemos aguentar mais uns meses para que um novo governo com respaldo popular faça essa reforma. Tem que mexer nos grandes bancos que têm dívida com a previdência, com as grandes empresas que têm recebido benefício da Previdência.
Rosiene Carvalho: O senhor acha que um governo de direita consegue fazer essa reforma que o senhor defende como correta?
Alfredo Nascimento: Eu acho que neste momento não tem direita e nem esquerda, tem pessoas que fazem a boa política. O cenário de uma eleição se monta no processo. As pessoas vão perceber quem tem a intenção, capacidade e competência de fazer as modificações que precisam ser feitas. Temos hoje essa discussão de direita e esquerda, mas temos uma Constituição que foi preparada para o parlamentarismo e remendada para o presidencialismo. Há uma dependência muito grande de quem se elege presidente do Congresso. Isso tudo precisa ser pensado. Essa história que tem que ser gente nova, que vai mudar. Não é assim também. Alguém que se eleja presidente da República e diga: “não quero saber do Congresso”, não se sustenta. Sai. E o País vai pagar mais uma vez um alto preço.
Rosiene Carvalho: O senhor foi ministro dos Transportes do ex-presidente Lula. Qual a sua relação com ele hoje?
Alfredo Nascimento: A última vez que eu tive contato com o ex-presidente Lula foi antes da votação do impeachment. Ele entrou em contato comigo depois que soube que eu ia votar a favor.
Neuton Corrêa: Aliás, essa é uma história que ainda não ouvimos a sua versão. É verdade que ele ligou pressionando, pedindo para o senhor pagar a conta por ter sido ministro dele e da Dilma?
Alfredo Nascimento: Não, não é verdade. O Lula não faz isso com ninguém. Aliás, é um dos grandes políticos do País, fez uma administração memorável. É uma das pessoas mais inteligentes que eu conheci em toda a minha vida. É um político por essência. Ele jamais trataria a questão desse jeito. Ele me fez o telefonema e pediu, em nome de nossa amizade, que eu não votasse a favor do impeachment. Disse que não tinha como fazer e dei minhas explicações. Ele não foi em nenhum momento grosseiro. Nem me pressionou e foi cordial comigo.
Esperei e fui inocentado pela polícia Federal, Ministério Público e pelo STF (sobre suspeita de mensalinho do PR nos Transportes).
Neuton Corrêa: A faxina da presidente Dilma Rousseff, em 2011, pesou na sua decisão?
Alfredo Nascimento: Não. Não pesou, não. Já havia passado e é uma coisa que eu tinha sido inocentado. Tem político que tem ficha corrida e tem político que tem atestado de bons antecedentes. Aquilo me deu um atestado de bons antecedentes. Eu sabia que aqueles atos tinham sido praticados num momento em que eu não era ministro. E esperei e fui inocentado pela polícia Federal, Ministério Público e pelo STF. A pessoa passar dois anos sendo investigado e a vida colocada de cabeça para baixo. Outra coisa, eu pedi para sair do ministério, apesar da Dilma ter insistido para eu ficar. Ela não foi desonesta comigo em relação a isso. Veja o que aconteceu. Apesar de todos os problemas, o País teve uma melhora. Ela não tinha mais condições de ficar. Esse regime que submete o presidente da República ao Congresso faz com que essas coisas aconteçam.
Rosiene Carvalho: O senhor acha que o presidente Lula vai reunir condições de participar da Eleição em 2018? Qual a sua opinião a respeito?
Alfredo Nascimento: Eu não tenho opinião porque essa é uma decisão da Justiça. Mas acho o seguinte. Se o Lula tiver oportunidade de ser candidato, ele é um candidato fortíssimo e difícil de ser derrotado.
Neuton Corrêa: O PR vai marchar com quem? Qual a tendência nacional do PR? Há várias pré-candidaturas no eixo de aliança: Henrique Meireles, Geraldo Alckmin, Rodrigo Maia, Arthur Neto…
Alfredo Nascimento: Você acabou de dar a resposta. Você citou o Arthur, o nosso prefeito, e citou o Alckmin. Dentro dos próprios partidos não existe ainda uma definição. Esse é um momento de conversa. Vai levar muito tempo. Eu convivo no partido, participo das decisões, quando me interessa, quando posso, mas o partido não pode tomar decisão ainda.
O Lula é candidato fortíssimo a presidente da República, difícil de ser derrotado e a derrota dele só pode ocorrer via justiça. Nada se define antes do julgamento dele.
Rosiene Carvalho: O senhor acha que tudo vai se definir após o julgamento do Lula?
Alfredo Nascimento: Nada vai se definir antes do julgamento do Lula. Porque o Lula é candidato fortíssimo a presidente da República, difícil de ser derrotado e a derrota dele só pode ocorrer via justiça.
Neuton Corrêa: Há conjecturas que apontam recursos e que garantem que, pela via natural, ele ainda assim seja candidato?
Alfredo Nascimento: Pois é, mas via natural tem sido atropelada (risos)…
Neuton Corrêa: O próprio julgamento dele…
Alfredo Nascimento: Tinha outros na frente… Então, há uma predisposição em relação a isso, da sociedade, aliás de parte da sociedade, de parte da imprensa, de parte da Justiça … E a gente vai ter que esperar. Está marcado para o dia 24.
Rosiene Carvalho: Como o senhor avalia a situação do PR que vive sob forte influência de Valdemar da Costa Neto, cinco anos depois de ele ter sido condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no mensalão? Qual a sua opinião a respeito, considerando suas declarações sobre o descrédito da classe política?
Alfredo Nascimento: O PR tem uma regra feita nacionalmente e que obrigatoriamente precisa ser cumprida nos Estados. O PR teve um certo azar porque teve lá uma operação da Polícia Federal que colocou o nosso presidente, que não tinha nada a ver com aquilo, mas foi envolvido pelo fato de ser presidente. Então, até ser dirigente partidário hoje é perigoso. O PR tem uma executiva e essa executiva não se reuniu para decidir absolutamente nada. Eu faço parte dessa executiva e qualquer decisão que o partido tome, passar por essa executiva. Então, não posso externar o que acho. Posso até dar uma opinião pessoal, mas a decisão da executiva só a executiva pode falar.
Qual partido não foi envolvido em doação ilegal de campanha? Então, a situação é ruim para todos…
Neuton Corrêa: Qual a sua opinião sobre isso?
Alfredo Nascimento: O PR, como os demais partidos, é um partido que tem problemas. É exatamente por isso que a classe política está desacreditada. Qual partido não foi envolvido em doação ilegal de campanha? Então, a situação é ruim para todos…
Rosiene Carvalho: Mas essa passividade é a solução para 2018? Esperar para ver se o eleitorado deixa passar, acha normal…?
Alfredo Nascimento: Não, não é normal. Tivemos um exemplo aqui nessa eleição suplementar para o Governo do Estado. Metade da população não votou, porque está decepcionada com a classe política. Temos que reconstruir isso com muita calma e sem arroubou.
A participação do prefeito Arthur na eleição é fundamental (…) Acho que o Arthur é um ser político muito competente. Ele vai saber usar os recursos políticos que tem na hora certa.
Rosiene Carvalho: Como o senhor, que já foi prefeito de Manaus, avalia a gestão do prefeito de Manaus, Arthur Neto? O senhor acha que a gestão dele o credencia para uma disputa eleitoral em 2018?
Neuton Corrêa: À presidência, por exemplo…
Alfredo Nascimento: À presidência. Eu acho que a gente tem que sonhar alto. A participação do prefeito Arthur na eleição é fundamental. Nós saímos de uma eleição em que o Marcelo Ramos perdeu para ele, havia uma grande expectativa de mudança. Mas a própria prefeitura é uma grande estrutura política e fortalece as pessoas. Eu não acredito que o prefeito Arthur fique fora do processo eleitoral. Senão o nacional, o local. Eu não estou dentro do partido, mas em função do Sul e Sudeste do País serem muito mais fortes, mas certamente aqui no Estado ele terá uma importante participação por ser prefeito de uma cidade que representa mais da metade do eleitorado.
Rosiene Carvalho: O senhor acha que é a gestão dele que o credencia a esse papel na disputa ou o histórico político dele no PSDB?
Alfredo Nascimento: Os dois. A prefeitura tem problemas. Não é uma prefeitura fácil de administrar. Eu fui prefeito da cidade três vezes, fui bem avaliado. As pessoas lembram esse trabalho que eu fiz. Mas é preciso ter muita força de vontade. Eu vivia feito um maluco de 5h às 22h em cima de um jipe, sem capota, enfrentando os problemas da cidade. A cidade cresceu muito. Tem mais problemas que tinha antigamente. Mais problemas sociais. Acho que o Arthur é um ser político muito competente. Ele vai saber usar os recursos políticos que tem na hora certa.
Rosiene Carvalho: Uma pergunta de pessoa que acompanha a entrevista questiona por que a BR-319 não sai e por que o senhor é um dos menos empenhados na rodovia?
Alfredo Nascimento: Ao contrário. A rodovia tem 854 quilômetros. Eu executei obras, como ministro, em mais da metade da rodovia que está asfaltada. Posso citar, como exemplo, a parte entre Humaitá e Porto Velho, mais de 200 quilômetros. Só uma das pontes sobre o rio Madeira, ligando o Amazonas a Rondônia, uma das pontes tem mais de um quilômetro. Sem o licenciamento ambiental, eu consegui recursos junto ao Governo Federal, a rodovia está sendo trabalhada um trecho com ponte já construída. A parte central da rodovia precisa ser asfaltadas, mas infelizmente não tem autorização dos órgãos ambientais. Mas está trafegável.
A política deixou de ser uma arte, ela é muito mais uma representação. Eu falo muito pouco, mas duvido que haja um parlamentar que tenha trazido mais recursos para o Estado (…) Existe os políticos que fazem a política de televisão e o político que trabalha nos bastidores para viabilizar.
Rosiene Carvalho: Tem outra pessoa aqui dizendo que nunca viu o senhor ocupar a tribuna na Câmara dos Deputados.
Alfredo Nascimento: A política deixou de ser uma arte, ela é muito mais uma representação. Eu falo muito pouco, mas as minhas ações são no sentido de beneficiar meu Estado sempre. Duvido que haja um parlamentar que tenha trazido mais recursos para o Estado. Eu troco aquilo de aparecer na televisão. No fechamento do ano, eu coloquei recursos para 49 municípios. Então, existe os políticos que fazem a política de televisão e o político que trabalha nos bastidores para viabilizar.
O Amazonino é um homem experiente, que tem uma folha de serviços prestados para o Estado. Acho que tem condições de arrumar a casa como ele prometeu na campanha.
Rosiene Carvalho: Ontem, o governador Amazonino Mendes, que derrotou o PR nas urnas, fez uma avaliação dos 100 primeiros dias. O que o senhor acha desse início de gestão dele? Está dando para arrumar a casa?
Alfredo Nascimento: Os números apresentados ontem pelo governador foram números razoáveis. O Amazonino é um homem experiente, que tem uma folha de serviços prestados para o Estado. Acho que tem condições de arrumar a casa como ele prometeu na campanha. Ele tem mais condições de arrumar o Estado pela experiência que tem do que muitos outros.
Nós tomamos a decisão que o partido vai sair com chapa única puro sangue para deputado estadual como fizemos para vereador. O PR não tinha nenhum vereador na Câmara e nós elegemos quatro.
Neuton Corrêa: O PR anunciou hoje que o senhor é pré-candidato ao Senado e o Marcelo Ramos, pré-candidato a deputado federal. Havia um desenho, acordo para isso?
Alfredo Nascimento: O Marcelo é figura importante para o partido. É o presidente municipal do partido. Nós entendemos que, se pretendemos participar do pleito, não temos que esperar a definição dos outros. Toda quinta-feira vamos ter uma reunião. Esta semana foi com jovens, depois com as mulheres. Depois com os pré-candidatos a deputado estadual. Nós tomamos a decisão que o partido vai sair com chapa única puro sangue para deputado estadual como fizemos para vereador. O PR não tinha nenhum vereador na Câmara e nós elegemos quatro.
Rosiene Carvalho: A aliança com o senador Eduardo Braga encerrou na eleição suplementar ou ela permanece na Eleição 2018?
Alfredo Nascimento: Não, foi transitório. Essa aliança foi passageira, uma questão de momento. Mas, passou.
Neuton Corrêa: O senhor se arrependeu?
Alfredo Nascimento: O Marcelo já disse que se arrependeu (risos).
Rosiene Carvalho: Naquela eleição, o PR investiu mais que o PMDB, as urnas mostraram que o eleitorado queria um nome novo e, mesmo que fosse derrotado, o Marcelo teria uma outra eleição já este ano. O senhor acha que errou ao não deixar ele sair como candidato?
Alfredo Nascimento: Verdade. Não comento acerto ou erro. Às vezes a gente perde e com o passar do tempo a gente descobre que ganhou. Eu perdi uma única eleição na minha vida para o Governo do Estado. A gente fica machucado, se achando injustiçado. Com o passar do tempo eu descobri que, graças a Deus, eu perdi a eleição. As vezes a gente tem que dar um passo atrás, pensar direito e recomeçar. Marcelo é um político jovem com muito futuro nesse estado. É um homem preparado. Gosta e tem a política como idealismo. Ele entendeu, e eu concordo com ele, que neste momento não tem que ter mistura e tem que ser candidato a deputado federal. Tem outros embates pela frente.
O PR pode sair só. Pode sair com uma candidatura majoritária ao Senado e não ter candidato ao Governo, por exemplo. Tem fundo partidário e tempo de TV.
Neuton Corrêa: E para onde vai o PR?
Alfredo Nascimento: Não sei. Vamos conversar com todo mundo. O PR tem fundo partidário, tem tempo de televisão. Naturalmente pode participar de uma dessas coligações. Ou não. O PR pode sair só. Pode sair com uma candidatura majoritária ao Senado e não ter candidato ao Governo, por exemplo. Pode se aliar, dando tempo de TV e fundo partidário não participando para valer e cuidando da sua eleição. Ou participando integralmente. Isso tudo estamos vendo.
O Marcelo está certo. Essa experiência de ter se juntado com o Eduardo, para ele (Marcelo Ramos) não foi um negócio legal. (…) Fez, assumiu, pagou pelo erro e vamos recomeçar.
Rosiene Carvalho: O resultado de 2017 tirou o Marcelo desta disputa ao Governo em 2018?
Alfredo Nascimento: Não, não tira. Sei que tem muito recall do que passou. Mas o Marcelo está bem. Está forte. Se você olhar o que fizeram de pesquisa por aí, vai ver que ele continua firme. Mas o Marcelo está certo. Essa experiência de ter se juntado com o Eduardo, para ele pessoalmente como político, não foi um negócio legal.
Neuton Corrêa: Deixa só eu fazer um retrospecto. Abordamos o senhor sobre o Arthur, o senhor elogiou. Sobre o Amazonino, também. Fez veto só ao Eduardo…
Alfredo Nascimento: Não fiz veto.
Neuton Corrêa: Fez veto. Disse que já passou
Alfredo Nascimento: Não, não. Ela perguntou de coligação. Pode até continuar. Nós não sabemos que discussão vai ocorrer com relação ao futuro. Estou dizendo que nós não podemos ficar apegados a isso. Agora, passou. Pode ser que a gente esteja junto, qual a dificuldade que tem?Mas para a gente ficar junto, ou não, é preciso primeiro a gente se organizar para que haja um interesse dos outros de estarem juntos com a gente. O PR está livre, leve e solto. Pronto para fazer a boa política.
Rosiene Carvalho: Há alguma estratégia de marketing para tirar o peso negativo da aliança com Eduardo Braga?
Alfredo Nascimento: Eu não diria estratégia de marketing. Eu diria que tudo na vida a gente tem que falar a verdade. Tem que dizer o que sente. Eu acho que é uma coisa que passou e não tem mais como tentar explicar. Ao longo da campanha a gente vai descobrir. Mas eu não acho que tem explicação. Fez, assumiu, pagou pelo erro e vamos recomeçar.
Dificilmente o Amazonino não será candidato à reeleição
Rosiene Carvalho: Na sua opinião, qual papel o governador Amazonino Mendes vai desempenhar nesta eleição?
Alfredo Nascimento: Papel importante. Eu acho, por exemplo, que dificilmente o Amazonino não será candidato à reeleição. Até porque ele vai fazer um trabalho, vai se notificar. Isso acaba o credenciando a ser candidato. Não participando da eleição, terá uma importância muito maior. Se ele tomar para si, a responsabilidade de apoiar alguém.
Neuton Corrêa: O que o senhor pretende fazer daqui para frente até as Eleições de 2018?
Alfredo Nascimento: Vou continuar fazendo minhas visitas ao interior do Estado. Logo que terminou as eleições comecei a fazer. Agora que estamos colocando na internet.
Neuton Corrêa: A ida da Mirtes Sales (PR) para um cargo no Governo do Estado teve seu aval?
Alfredo Nascimento: Nenhum. Nós não conversamos sobre isso.
Neuton Corrêa: A atuação do Sabá Reis (PR), na ALE-AM, conta com sua orientação?
Alfredo Nascimento: Não, não conta com a minha orientação. O Sabá é político há muito tempo e tem uma ligação muito forte com o David Almeida (PSD). Eu não posso estabelecer regras, ele tem as posições que ele adota e eu respeito. Mas sem a minha orientação. No primeiro turno ele apoiou outro candidato. Eu apoiei o Eduardo e ele a Rebecca (Garcia – PP).
Neuton Corrêa: Aliás, ele foi e voltou né?
Alfredo Nascimento: Ele não foi. Ele ficou. Porque, assim, é diferente quando você não participa da eleição, pode ter sua posição. Sofre penalidade ou não se o dirigente do partido quiser. Mas sendo candidato, há regras da fidelidade partidária.
Neuton Corrêa: Ele perdeu cargo no partido
Alfredo Nascimento: É. Mas vou explicar porque. Ele tinha um cargo de secretário geral do partido que, como tesoureiro, assina os cheques. O Sabá Reis, que pulou para o lado de lá (risos), como é que ele ia assinar cheques para passar dinheiro para a campanha do Eduardo Braga? Então, foi afastado para ter alguém para assinar.
Rosiene Carvalho: Depois ele tomou omeprazol, né? Porque primeiro disse que não tinha estômago para subir no palanque do Braga e depois acabou subindo.
Alfredo Nascimento: Eu sou usuário de omeprazol (risos). Acho que ele está certo.
Rosiene Carvalho: Dentre as perguntas dos internautas, o único assunto que o senhor não comentou é sobre as citações do seu nome na Lava-Jato.
Alfredo Nascimento: É bom falar. Primeiro que o Supremo já disse que não é Lava-Jato. É citação que na campanha de 2005 teria sido doado pela Odebrecht R$ 200 mil para a minha campanha. Na citação que o cara fez, ele diz que esteve comigo no Ministério. Para desprazer dele, na consulta que fiz na agenda do ministério, esse cara nunca foi recebido. Não sei quem é
Rosiene Carvalho: O senhor continua investigado, mas fora do âmbito da Lava-Jato. Isso tem um peso diferente?
Alfredo Nascimento: Não é investigação ainda. É na fase de ouvir quem delatou. Primeiro, é uma delação que seria Caixa 2, se fosse. E eu não recebi. Estou absolutamente tranquilo.
Neuton Corrêa: Qual a sua opinião sobre as operações da Polícia Federal que tem, entre outros presos, o ex-governador José Melo?
Alfredo Nascimento: É uma pena que, com o passar do tempo, se comprove que esses desvios fizessem com que a saúde piorasse. Isso é da Justiça, da política. Tem que ser investigado a fundo e quem for culpado tem que pagar.
Eu tinha a melhor das impressões do Melo. Mas não sei o que apuraram contra ele… É sofrido. Eu passei por uma acusação um tempo. Não nesse nível, mas eu passei por uma acusação. Quando você prova que é inocente, dá um ânimo novo.
Rosiene Carvalho: Dentro desse contexto da presunção de inocência e do momento atual que a condenação pela opinião pública vem muito antes de terminar a investigação, o senhor acha que o ex-governador José Melo paga um preço muito alto antecipadamente?
Alfredo Nascimento: Não vou fazer um comentário irresponsável. Não conheço detalhes da investigação. Mas eu tinha a melhor das impressões do Melo. Mas não sei o que apuraram contra ele… É sofrido. Eu passei por uma acusação um tempo. Não nesse nível, mas eu passei por uma acusação. Quando você prova que é inocente, dá um ânimo novo. Mas não quero comentar sobre uma coisa que não conheço. Não vivo a realidade do Estado. Eu não conhecia a realidade do Governo do Estado.
Neuton Correa: Deputado, obrigada por sua entrevista ao BNC Amazonas
Alfredo Nascimento: É a primeira e espero que tenha muitas. Aliás, vou fazer um registro aqui. Acompanhei o teu início. Sempre fiz esse comentário com o Paulo (Castro, jornalista e assessor de comunicação de Alfredo). Eu acho que você fez tudo certo. E a gente não faz as coisas certas porque a gente quer, não. As coisas acontecem na vida da gente quando Deus quer. E você foi… às vezes a gente toma uma pancada e naquela pancada você ganha fôlego para sair andando para caminhar. Você mantém aqui no seu site um jornalismo coerente, correto, de falar a verdade. Provocativo, mas sem ofender a honra de ninguém. Esse é o bom jornalismo. Você está num bom caminho. Parabéns.
Neuton Corrêa: Obrigada pelas palavras e pela entrevista.