Por Rosiene Carvalho , da Redação
Às vésperas de votação da Lei Orçamentária Anual (LOA), a base governista na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) sofreu derrota para o grupo de deputados alinhados aos presidente do Legislativo, David Almeida (PSD), na manhã desta quarta-feira, dia 6.
A derrota de 11 votos a 8, de um total de 24 deputados, ocorreu em votação de projeto que extingue os apartes no pequeno expediente na ALE-AM.
O placar só não foi mais constrangedor para a base governista porque o presidente David Almeida não votou e os deputados de oposição Ricardo Nicolau (PSD) e Luiz Castro (Rede) estavam ausentes. Com o voto deles, o placar iria a 14 votos a 8. Quase o dobro do que conseguiu a base.
A medida proposta pelo grupo de David Almeida amplia a possibilidade de vitrine para exposição das pautas da oposição e deve aumentar o nível de dificuldade da liderança de Amazonino em defender o governo.
Na prática, o governo não terá como contrapor ataques nos discursos de menor duração (cinco minutos) e terá que enfrentar ofensivas nos discursos de maior duração, que é o grande expediente.
Além de criar um palco maior de ataques ao Governo do Estado, a votação expôs, mais uma vez, a fragilidade da base governista que em dois meses não conseguiu se fortalecer, ao contrário da oposição.
Na votação desta quarta, David Almeida contou com votos de deputados que não são de seu grupo, mas se posicionam como oposição ou independentes.
Contou também com votos de parlamentares que estão na conta da base governista, como o deputado Cabo Maciel (PR), deputado Josué Neto (PSD) e Orlando Cidade (Podemos).
A liderança do governo sequer conseguiu aprovar o pedido de vista do projeto para evitar que ele fosse à votação, o que impôs ao grupo de deputados governistas duas derrotas no mesmo dia.
Ataques
Mesmo sem a alteração nas regras internas da ALE-AM, a oposição tem feito discursos duros e de cobrança ao governo na ALE-AM, que nesta terça-feira mereceram registro do governador Amazonino, que se queixou de “pressão” e “mentiras” na ALE-AM.
“Muito discurso na Assembleia. Muita mentira na Assembleia. E a gente ali abraçado com problemas. Mas conseguimos resolver”, disse em evento da SSP-AM na terça.
Nesta quarta-feira, por exemplo, deputados de oposição subiram à tribuna e dispararam munição contra o governo.
O deputado Sabá Reis (PR), que é um dos mais fiéis a David, chegou a defender a quinta convocação de secretário de Estado, em dois meses. Ele exige explicações para “200 obras paradas” do Estado.
O deputado Serafim Corrêa (PSB) criticou a manutenção da terceirização no setor de saúde pelo Governo do Estado e considerou falha a revogação do decreto sobre o dia do pagamento dos servidores estaduais, em função do sistema e-social.
Já deputado José Ricardo (PT) falou de problemas no setor de saúde e chamou os demais deputados a assinar o pedido de CPI do setor. José Ricardo também defendeu nova convocação do secretário de Saúde, Francisco Deodato, para dar explicações na ALE-AM.
Governo
Há cerca de duas semanas, no Governo, o clima era de maior confiança de solidez na base aliada. Havia uma interpretação de que o ambiente na ALE-AM estava mais favorável para o envio da reforma administrativa, à qual um dos entraves para este passo é justamente a falta de votos para ser aprovada.
Em tom de provocação, o deputado Sabá Reis desafiou a base governista, também há duas semanas, no plenário da ALE-AM dizendo que a reforma não seria aprovada.
O líder do governo Dermilson Chagas (PEN) minimizou a derrota desta quarta-feira. Disse que o projeto não era exatamente do interesse do governador Amazonino Mendes, embora a base tenha encaminhado votação em sentido contrário ao que foi aprovado.
Dermilson disse que a votação, no entanto, foi um “balão de ensaio” e demonstrou quem realmente está ao lado do Governo.
“Quem está no pouco, está no muito. Quem é da base é sempre da base”, disse.
Aliados de David Almeida consideram que a base governista “arriscou mal o teste” e acabou exibindo sua fragilidade na Casa e fortalecendo o ânimo dos oposicionistas.
Votos a favor: 11
Abdala Fraxe (Podemos)
Francisco Souza (Podemos)
Platiny Soares (DEM)
Alessandra Campelo (PMDB)
José Ricardo (PT)
Serafim Corrêa (PSB)
Sabá Reis (PR)
Orlando Cidade (Podemos)
Cabo Maciel (PR)
Sinésio Campos (PT)
Josué Neto (PSD)
Votos Contra: 8
Mário Bastos (PSDB)
Donmarques Mendonça (PSDB)
Dermilson Chagas (PEN)
Vicente Lopes (PMDB)
Wanderley Dallas (PMDB)
Belarmino Lins (Pros)
Carlos Alberto (PRB)
Dr. Gomes (PSD)
Ausentes: 4
Augusto Ferraz (DEM)
Adjuto Afonso (PDT)
Ricardo Nicolau (PSD)
Luiz Castro (Rede)
Não votou
David Almeida (PSD)
Foto: BNC