Lira diz que governadores devem cobrar o Senado sobre combustĂveis
O tema também intensificou o cabo de guerra entre Bolsonaro e governadores, que evoluiu durante a pandemia de covid-19

Publicado em: 16/01/2022 Ă s 15:57 | Atualizado em: 16/01/2022 Ă s 15:57
O presidente da CĂ¢mara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi Ă s redes sociais neste domingo (16) para criticar a postura de governadores em relaĂ§Ă£o ao preço dos combustĂveis e afirmar que cobranças sobre o tema precisam ser dirigidas ao Senado, presidido por Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Lira acusou os chefes estaduais de cobrarem soluções agora “mirando” as eleições de outubro e ressaltou que a CĂ¢mara aprovou em outubro um projeto para aliviar os efeitos dos aumentos dos combustĂveis, mas que ficou parado no Senado.
“A CĂ¢mara tratou do projeto de lei que mitigava os efeitos dos aumentos dos combustĂveis. Enviado para o Senado, virou patinho feio e Geni da turma do mercado”, começou Lira na publicaĂ§Ă£o, segundo quem a medida foi classificada como “intervencionista e eleitoreira” pelos crĂticos.
Aliado de Bolsonaro, que costuma classificar o Imposto sobre CirculaĂ§Ă£o de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado pelos Estados, como o grande vilĂ£o do preço dos combustĂveis, Lira afirmou neste domingo que, no ano passado, os governadores resistiram em reduzir o tributo.
Em outubro, a CĂ¢mara aprovou um projeto para mudar a incidĂªncia de ICMS sobre combustĂveis e estabelecer um valor fixo por litro para o imposto. Ă€ Ă©poca, por sua vez, jĂ¡ havia um entendimento de que o texto teria poucas chances de avançar no Senado em razĂ£o da resistĂªncia dos Estados, que temem perder arrecadaĂ§Ă£o com a proposta.
Em resposta, no fim daquele mĂªs, os chefes estaduais anunciaram o congelamento do valor do ICMS na bomba dos postos de gasolina, por um perĂodo de 90 dias, que acabarĂ¡ ao fim de janeiro.
Nesta sexta-feira, 14, o ComitĂª Nacional de SecretĂ¡rios da Fazenda (Comsefaz) confirmou que o congelamento serĂ¡ encerrado na data originalmente prevista pelo grupo.
O anĂºncio veio acompanhado de uma nota do governador do PiauĂ e coordenador do FĂ³rum Nacional de Governadores, Wellington Dias, afirmando que os aumentos tĂªm servido apenas para “aumentar os lucros da Petrobras” e cobrou uma soluĂ§Ă£o definitiva para os combustĂveis por meio da reforma tributĂ¡ria.
“Podiam ter pressionado ainda ano passado”, disse Lira nas redes sociais, neste domingo.
“Agora, no inĂcio de um ano eleitoral, governadores, com Wellington Dias Ă frente, cobram soluções do Congresso. Com os cofres dos Estados abarrotados de tanta arrecadaĂ§Ă£o e mirando em outubro, decidiram que Ă© hora de reduzir o preço”, afirmou o presidente da CĂ¢mara, pedindo que as cobranças sejam endereçadas ao Senado.
“Por isso, lembro aqui a resistĂªncia dos governadores em reduzir o ICMS na ocasiĂ£o. Registro tambĂ©m que fizemos nossa parte. Cobranças, dirijam-se ao Senado”, concluiu Lira.
Leia mais
Mendonça cobra Bolsonaro, Pacheco e Lira sobre fundĂ£o de R$ 5,7 bi
Pelo texto aprovado pela CĂ¢mara, a cobrança do ICMS passaria a ser feita considerando um valor fixo por litro – a exemplo de impostos federais PIS, Cofins e Cide -, modelo conhecido como “ad rem”.
Ele substituiria a cobrança atual, que utiliza um porcentual sobre o valor do preço de venda (“ad valorem”).
O projeto foi votado sob a presidĂªncia de Lira numa tentativa de frear o aumento do preço dos combustĂveis, um tema que incomoda Bolsonaro e tem se refletido na inflaĂ§Ă£o brasileira, que encerrou 2021 na casa dos 10,06%, acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho MonetĂ¡rio Nacional (CMN).
O tema tambĂ©m intensificou o cabo de guerra entre Bolsonaro e governadores, que evoluiu durante a pandemia de covid-19, diante da divergĂªncia do presidente e dos chefes estaduais sobre a conduĂ§Ă£o do enfrentamento da pandemia.
O preço final dos combustĂveis Ă© composto pelo valor cobrado pela Petrobras nas refinarias (atrelado ao preço do barril do petrĂ³leo no mercado internacional e ao cĂ¢mbio), mais tributos federais (PIS/Pasep, Cofins e Cide) e estaduais (ICMS), alĂ©m das margens de distribuiĂ§Ă£o e revenda e do custo do biodiesel, no caso do Ă³leo diesel, e do etanol, na gasolina.
Leia mais no EstadĂ£o
Foto: Zeca Ribeiro/CĂ¢mara dos Deputados