Plano nacional de fertilizantes estimula uso do potássio do AM 

No lançamento, o governo diz que plano de fertilizantes vai reduzir a dependência das importações brasileiras do produto 

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Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 11/03/2022 às 20:47 | Atualizado em: 12/03/2022 às 23:05

Em meio ao debate no Congresso Nacional e às críticas dos ambientalistas contra o projeto de exploração de minérios nas terras indígenas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e toda a sua equipe de governo lançaram, nesta sexta-feira, 11, o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF).  

O governo federal argumenta que o plano é uma estratégia para reduzir a dependência do Brasil das importações principalmente nesse contexto mundial de incertezas por conta da guerra na Ucrânia.  

O estado do Amazonas, que possui 254,3 milhões de toneladas de potássio – um dos minerais que compõem a fabricação de fertilizantes juntamente com fósforo e nitrogênio – será beneficiado com o plano do governo federal a partir do estímulo à exploração do minério  

O potássio amazonense pode ser encontrado principalmente nos municípios de Autazes, Itacoatiara e Nova Olinda do Norte.  

Mas, a maior parte das reservas nacionais de potássio está fora da Amazônia Legal, nos estados de Minas Gerais (837,5 milhões de toneladas), São Paulo (18,6 milhões de toneladas) e Sergipe (953,7 milhões de toneladas) 

Baseada em dados do próprio governo, como Agência Nacional de Mineração (ANM) e o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM), a pesquisa revela que as jazidas de potássio representam apenas 11% do total da Bacia da Amazônia.

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 Mineração em terras indígenas 

Durante o evento de lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, Bolsonaro voltou a defender a mineração em terras indígenas, apesar de estudos revelarem que as maiores reservas de potássio – minério mais requisitado para produção de fertilizantes – não estão dentro de terras indígenas. 

“Nas minhas viagens pelo Brasil, em especial quando pouso em uma aldeia indígena, a repercussão é excelente perante eles. Eles praticamente já são quase como nós, querem se integrar, querem produzir em suas terras”, disse o presidente, durante a solenidade de lançamento. 

Dependência internacional 

Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utilizado pelos produtores nacionais (38%). Por isso, o governo quer diminuir a dependência do mercado internacional para este tipo de produto.

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Na sequência, aparecem o fósforo com 33% do consumo total de fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%. Juntos, formam a sigla NPK, tão utilizada no meio rural.

Dentre as culturas que mais demandam o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana-de-açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional. 

Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos, mais de 85% dos fertilizantes utilizados no país são importados, evidenciando um elevado nível de dependência de importações em um mercado dominado por poucos fornecedores.  

Essa dependência crescente deixa a economia brasileira, fortemente apoiada no agronegócio, vulnerável às oscilações do mercado internacional de fertilizantes. 

“A implantação das ações do PNF poderá minimizar a dependência externa desses nutrientes, que chegam ao país, principalmente, da Rússia, da China, Canadá, Marrocos e da Bielorússia. Estados Unidos, Catar, Israel, Egito e Alemanha completam a lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, na soleidade de lançamento do PNF. 

Ambições de longo prazo 

O PNF tem ambição de ser referência para o planejamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos (até 2050).

A ministra Tereza Cristina no lançamento do PNF
Foto: Clauber Caetano/Presidência da República

Para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, além da redução da dependência externa, o plano de fertilizantes ainda apresenta oportunidades em relação a produtos emergentes como os fertilizantes organominerais e orgânicos (adubos orgânicos enriquecidos com minerais, por exemplo) e os subprodutos com potencial de uso agrícola, os bioinsumos e biomoléculas, os remineralizadores (exemplo, pó de rocha), nanomateriais, entre outros. 

“Não estamos buscando autossuficiência, mas sim capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio”, disse a ministra na solenidade de lançamento do programa. “Repito, não estamos visando autossuficiência, o mundo manterá os fluxos comercias e as commodities continuarão circulando em ambiente de livre mercado”, acrescentou. 

Foto: CPG/reprodução