Ex do MEC, Ribeiro não vai ao Senado e ideia de CPI deve avançar

Senadores querem ouvir os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que estariam atuando no MEC para intermediar a liberação de verbas para prefeituras

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Diamantino Junior

Publicado em: 31/03/2022 às 15:58 | Atualizado em: 31/03/2022 às 16:03

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovou, nesta quinta-feira (31), a convocação do ministro interino da Educação, Victor Godoy Veiga, para dar esclarecimentos sobre as denúncias envolvendo cobranças de propina e favorecimento a pastores na distribuição de verbas do MEC.

Junto à convocação, senadores governistas conseguiram a aprovação também de um convite a Veiga. A convocação implica na obrigação de o ministro comparecer à comissão. No caso do convite, ele não é obrigado.

O acordo firmado entre os senadores prevê que será, primeiro, encaminhado o convite ao ministro interino. Caso ele não compareça na data marcada, a convocação, já aprovada, será enviada.

Ainda não há data para que o ministro interino seja ouvido.

A decisão ocorreu após o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, faltar ao depoimento marcado para esta quinta na comissão.

Ausência

Na semana passada, quando ainda estava no cargo, Ribeiro se colocou à disposição dos senadores para prestar os esclarecimentos sobre o caso envolvendo o favorecimento de pastores e, por isso, a comissão de Educação aprovou o convite a ele.

O presidente da comissão, senador Marcelo Castro (MDB-PI), disse que a ausência de Ribeiro deve levar à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias. Parlamentares da oposição já se articulam para colher assinaturas visando a abertura da comissão.

As comissões do Congresso tem poder para convocar apenas ministros. Como Ribeiro deixou o cargo, não pode mais ser obrigado a comparecer.

Castro relatou que recebeu um telefonema de Victor Veiga na quarta-feira (30). No contato, o ministro interino se prontificou a comparecer à comissão.

Veiga exercia a função de secretário-executivo do ministério, e assumiu o comando da pasta após o pedido de demissão de Milton Ribeiro na última segunda-feira (28).

Pastores

Castro afirmou nesta quinta-feira que a “intenção” é ouvir, na próxima semana, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que estariam atuando no MEC para intermediar a liberação de verbas para prefeituras.

Na gravação, Milton Ribeiro diz que o favorecimento aos dois pastores atendia a pedido do presidente Jair Bolsonaro.

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Segundo o senador, também devem ser ouvidos na próxima semana o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes, e prefeitos que denunciaram o esquema envolvendo o Ministério da Educação.

Segundo Marcelo Castro, a expectativa é ouvir o presidente do FNDE, pastores e prefeitos nas próximas terça (5) e quinta-feira (7).

Nesta manhã, a Comissão de Educação aprovou também dois requerimentos pedindo informações à Controlaria-Geral da União (CGU) e ao Ministério da Educação sobre os indícios de irregularidades encontrados no ministério

À CGU, a comissão cobrou o envio de todo o processo de apuração das supostas irregularidades, incluindo as atas de reunião e os relatórios produzidos.

Ao MEC, os senadores pediram, além do processo sobre a ação de controle “supostamente instaurada” no órgão, a íntegra dos processos administrativos para a transferência de recursos orçamentos para prefeituras envolvidas nas denúncias.

A comissão também deu aval a um requerimento que complementou uma lista de convites para prefeitos prestarem esclarecimentos à comissão, aprovada na semana passada, e incluiu novos nomes a depor ao colegiado, entre os quais os prefeitos de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza, e o de Três Corações (MG), Reinaldo Vilela Paranaíba.

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Fotos: Luis Fortes/MEC