Governadores recorrem ao STF contra teto do ICMS de Bolsonaro
Gestores dizem que a lei, aprovada em marรงo, causa prejuรญzo aos estados e se trata de medida eleitoreira e ineficaz, pois os combustรญveis continuam a variar

Mariane Veiga
Publicado em: 22/06/2022 ร s 22:30 | Atualizado em: 22/06/2022 ร s 22:32
Governadores de onze estados entraram nesta quarta-feira (22) com uma Aรงรฃo Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei, aprovada em marรงo e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que determinou a incidรชncia do ICMS estadual em uma รบnica vez, com alรญquotas uniformes, em reais, sobre os preรงos dos combustรญveis.
A aรงรฃo รฉ assinada pelos governadores de Pernambuco, Maranhรฃo, Paraรญba, Piauรญ, Bahia, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas, Cearรก e Rio Grande do Sul.
Antes da lei, a alรญquota do ICMS variava a depender do estado. O governo federal, que busca uma alternativa para conter a inflaรงรฃo de combustรญveis em ano eleitoral, argumenta que o velho modelo encarecia o produto.
Leia mais
Saiba onde governadores cobram ICMS dos combustรญveis mais altos
O ICMS รฉ um imposto estadual e corresponde a uma grande parte da receita dos estados.
Governadores argumentam que a nova lei prejudica a arrecadaรงรฃo e nรฃo resolve o problema dos preรงos, porque o petrรณleo estรก subindo no mercado internacional.
Na aรงรฃo, os estados alegam que o ICMS รฉ um imposto de competรชncia estadual e do Distrito Federal e que, por isso, a mudanรงa “feriu gravemente o pacto federativo e o princรญpio da autonomia dos entes subnacionais, sob vรกrios aspectos”.
“Tal inovaรงรฃo legislativa trouxe graves riscos ร governabilidade de Estados, Distrito Federal, diante dos imensos prejuรญzos gerados com a perda de arrecadaรงรฃo direta, e atรฉ para Municรญpios, dada a correspondente reduรงรฃo das transferรชncias constitucionais obrigatรณrias”, acrescentaram.
Na aรงรฃo, os estados avaliam que se trata de uma verdadeira “caridade com chapรฉu alheio”, uma “liberalidade orรงamentรกria” a ser sofrida pelos estados, DF e municรญpios, todos surpreendidos pela “medida unilateral, autoritรกria, drรกstica e com graves efeitos imediatos para os combalidos cofres desses entes”.
“Pior: tudo isso foi feito sem qualquer estudo de impacto fiscal e sem a demonstraรงรฃo de que esse novo instrumento serรก eficaz, dado que os preรงos dos combustรญveis sรฃo atrelados ร sorte dos mercados internacionais e resultado de uma polรญtica duvidosa da Petrobrรกs, e diante da constataรงรฃo empรญrica de que medidas de desoneraรงรฃo nรฃo beneficiam necessariamente o bolso do consumidor”, acrescentaram.
Eles afirmaram, tambรฉm, que a medida รฉ “populista, eleitoreira e ineficaz”, pois os componentes mais significativos do preรงo โ custos de produรงรฃo, refino e importaรงรฃo โ continuam a variar constante e sucessivamente, devido ร variaรงรฃo do dรณlar e do preรงo do barril no mercado internacional.
Leia mais no G1.
Foto: Roque de Sรก/Agรชncia Senado