Omar garante reeleição derrotando candidato de Bolsonaro

Bolsonaro, Menezes e Arthur Neto focaram ataques na operação Maus Caminhos, mas acabaram percebendo agora que estavam combatendo em falsos caminhos

Omar Aziz diz que ataques são financiados por parlamentares

Publicado em: 02/10/2022 às 21:11 | Atualizado em: 02/10/2022 às 21:12

Com 98% das urnas apuradas, o senador Omar Aziz (PSD) foi reeleito com 40,79% dos votos contra 39,48% do Coronel Menezes. O ex-prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB) terminou em terceiro lugar com 9,52%.

A derrota de Bolsonaro se dá por meio do fracasso de seu candidato ao cargo, seu compadre e ex-colega de Exército Alfredo Menezes (PL).

Desde o primeiro dia de seu governo, em 2019, o presidente já colocava o aliado no jogo. Começou o esforço, quando impôs Menezes no comando da Suframa.

A bancada federal do Amazonas, comandada por Omar Aziz, era contra a nomeação do militar. Contudo, Bolsonaro não só bancou o compadre, mas, também, fez questão de abençoar o afilhado.

Fez isso ao vir a Manaus na primeira reunião da Suframa, na breve passagem de Menezes pelo cargo.

Leia mais

CAS analisa pauta de US$ 626 milhões com a presença de Bolsonaro

No entanto, Menezes perdeu a batalha para a bancada de parlamentares e foi exonerado da autarquia em maio de 2020.

Eleições 2020

O presidente Bolsonaro não desistiu de Menezes e neste mesmo ano o colocou como seu candidato a prefeito de Manaus. Mas ele foi derrotado.

Seus aliados, porém, avaliaram que a estreia dele nas urnas teria sido uma estratégia do presidente Bolsonaro para colocá-lo na disputa ao Senado.

Interlocutor

Depois disso, o presidente deu visibilidade ao coronel colocando-o como seu interlocutor informal no Amazonas.

Assim, mesmo sem ter mandato nem cargo público, Menezes intermediava encontros de gestores públicos com o presidente da República.

Até quando o governador do Amazonas ia ao Planalto, Menezes é quem dava a notícia da audiência.

CPI da Pandemia

Mas Bolsonaro partiu mesmo para o confronto direto com Omar Aziz no ano passado, quando o senador articulou a criação da CPI da Pandemia.

O presidente até achava que poderia ter refresco com o parlamentar nas investigações. No entanto, Omar imprimiu ao governo Bolsonaro o maior desgaste de sua gestão.

Um dos principais avanços de Omar Aziz nesse embate foi colocar em Bolsonaro o selo de corrupto. Isso ocorreu quando o colegiado mostrou gabinetes paralelos agindo para comprar vacinas superfaturadas.

Bolsonaro e Omar, então, trocaram xingamentos. Bolsonaro chamou o senador de “cara de capivara“. Omar disse que o presidente tinha boca de “macaco guariba“.

Com essa atuação, Omar Aziz ganhou vitrine nacional, respeito político dentro e fora do Congresso.

Mais que isso: ele soube aproveitar o fato de Bolsonaro ter nivelado, por cima, a disputa com Omar.

Ou seja: a querela regional, na verdade, era uma reprodução de uma disputa política mais abrangente. Assim, o presidente ajudou a elevar o discurso, a ação política o os apoios à sua reeleição. Nesse caso, o principal deles foi ter Lula ao seu lado.

Uma nota só

Confirmado candidato a senador, este ano, Menezes mirou toda sua artilharia e mandou toda sua infantaria para atacar Omar Aziz.

Ele, porém, esqueceu de proteger seus flancos e deixou escancarada sua retaguarda.

Omar Aziz, por sua vez, deixou Bolsonaro e Menezes combatendo em falsos caminhos e partiu para a velha tática de conquista de territórios.

Assim, conseguiu o apoio de todos os 62 prefeitos amazonenses. Ele conseguiu também o apoio de mais de 90% dos ex-prefeitos e aqueles que já disputaram prefeituras ou os que querem entrar no jogo.

Resultado disso: Bolsonaro e Menezes ficaram sem território no interior do Amazonas. Eles centraram combates apenas em Manaus e, isolados, foram atacados por todos os lados.

Ex-prefeito Arthur

Outro derrotado histórico dessa campanha de disputa pelo Senado foi o ex-prefeito Arthur Neto.

Os dois foram aliados até 2018, quando o tucano deu seu filho Arthur Bisneto para vice na chapa de governador de Omar.

Mas o então prefeito de Manaus não fez, efetivamente, campanha para a chapa.

Dois anos depois, estavam rachados publicamente.

Este ano, Arthur mostrou que o seu principal objetivo seria derrotar Omar Aziz, atacando-o.

E assim fez sua campanha, que deve mandá-lo para aposentadoria.

Leia mais

Omar chama Arthur de ‘honestão’ e Menezes, de ‘subserviente’

Bolsonaro diz que não vai conversar com Aziz sobre IPI e ZFM

Presidente da CPI critica reação de Bolsonaro ao relatório final

Aziz, de Bolsonaro: ‘Só abre a boca para jogar fezes’

Foto: Agência Senado