Lábrea e Apuí lideram ranking do desmatamento na Amazônia

Ambientalistas responsabilizam a licença prévia, concedida pelo governo Bolsonaro, para o asfaltamento da BR-319 pelo aumento do desmatamento nos dois municípios

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 06/01/2023 às 19:25 | Atualizado em: 06/01/2023 às 19:27

Lábrea e Apuí, no sul do Amazonas, lideram o ranking dos municípios com maior área desmatada na Amazônia entre agosto e dezembro do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nesta sexta-feira (6).

Ambientalistas responsabilizam a licença prévia, concedida pelo governo Bolsonaro, para o asfaltamento da BR-319 pelo aumento do desmatamento nos dois municípios que estão no eixo da rodovia.

“O aumento do corte raso na região é explicado pela expectativa da obra, que corta o maior bloco de florestas intactas do bioma”, diz nota do Observatório do Clima.

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De acordo com a ong, a licença para o asfaltamento da rodovia, concedida em junho, atropelou pareceres técnicos do Ibama.

“A ministra Marina Silva tem sete meses para reativar o Ibama e impedir mais uma tragédia na taxa de 2023”, afirmou a organização.

A área sob alertas de desmatamento na Amazônia atingiu 4.793 km² no acumulado de agosto a dezembro, recorde para o período na série histórica iniciada em 2015.

O Observatório do Clima diz que, como a taxa de desmatamento na Amazônia é medida sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte, a destruição será herdada pelo governo Lula na taxa oficial de 2023.

“Mesmo com dados parciais (foram contabilizados 30 dias de dezembro até o momento) e influenciados por cobertura de nuvens (isso ocorre principalmente de novembro a abril), o resultado do Deter-B é alarmante”, advertiu a ong.

Os dados também confirmam a corrida pelo desmatamento que ocorreu no fim do mandato de Bolsonaro, revertendo a tendência de queda registrada pela taxa oficial, do sistema Prodes, de agosto de 2021 a julho de 2022 em relação ao período anterior.

“Os alertas de destruição da Amazônia bateram recordes históricos nos últimos meses, deixando para o governo Lula uma espécie de desmatamento contratado, que vai influenciar negativamente os números de 2023. O governo Bolsonaro acabou, mas sua herança ambiental nefasta continua”, disse o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.

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Foto: Divulgação/Ibama