Amazônia concentrou 90% das queimadas em janeiro e fevereiro

Monitor do fogo do MapBiomas identificou meio milhão de hectares queimados em todo o país nos dois primeiros meses de 2023

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Antônio Paulo do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 17/03/2023 às 16:46 | Atualizado em: 17/03/2023 às 17:00

Apesar da queda de 28% em relação ao ano passado, o monitor do fogo do MapBiomas revela que o Brasil perdeu 536 mil hectares para o fogo entre janeiro e fevereiro de 2023. Foram 213 mil hectares a menos que as queimadas do mesmo período do ano anterior. A quase totalidade dessa área – 487 mil hectares, ou 90% do total – foi na Amazônia.

Dessa forma, o estado de Roraima respondeu por 48% do que foi queimado em todo o Brasil nesse período: 259 mil hectares. Os municípios de Pacaraima, Normandia e Amajari, bem como os territórios indígenas São Marcos, Raposa Serra do Sol e Araçá, todos em Roraima, foram os que mais queimaram em janeiro e fevereiro.

Já o Mato Grosso e Pará são os outros dois estados com maior área queimada no bimestre, com 90 mil hectares e 71 mil hectares, respectivamente. Juntos, esses três estados representaram 79% do total da área queimada no Brasil nos dois primeiros meses de 2023.

Segundo o pesquisador no Instituto de Proteção da Amazônia (Ipam) Felipe Martenexenn, responsável pelo mapeamento da região, esse padrão de área queimada em Roraima pode estar relacionado a características climáticas e ambientais únicas do estado.

“Roraima está localizado no hemisfério norte, enquanto a maior parte dos demais estados se localiza no hemisfério sul. Desta forma, enquanto o período de seca em boa parte do país ocorre entre os meses de maio a setembro, em Roraima os meses de seca ocorrem entre dezembro e abril”, explica o pesquisador.

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Queimadas no Cerrado

O segundo bioma que mais queimou nos dois primeiros meses de 2023 foi o Cerrado. Foram 24 mil hectares divididos igualmente entre janeiro e fevereiro. Esse número é 64% maior na comparação com o mesmo período de 2022 (ou 9 mil hectares a mais).

Os estados que mais queimaram no Cerrado foram Mato Grosso (que também é um dos líderes em área queimada na Amazônia) e Maranhão. Cerca de um terço (32%) da área queimada no Cerrado nos dois primeiros meses de 2023 foi em formação savânica (7 mil hectares).

Redução do fogo

Na Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga, a extensão queimada em janeiro e fevereiro foi a menor dos últimos cinco anos. Na Mata Atlântica foram 4.600 hectares queimados, a maior parte dos quais concentrada em áreas agrícolas.

No Pantanal, foram 8,8 mil hectares, a maioria concentrados em formações campestres e com uma grande área queimada no Parque Nacional do Pantanal Mato Grossense.

Na Caatinga, a extensão queimada somou 6,7 mil hectares. No Pampa, foram queimados 4 mil hectares, 70% dos quais em formações campestres.

A maior parte da área queimada em todo o Brasil (84%) foi em vegetação nativa, a maioria em formações campestres. Dentre os tipos de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, representando 12% da área queimada.

Dados de fevereiro

A análise das imagens de satélite captadas ao longo de fevereiro mostra que 249 mil hectares foram queimados em todo o Brasil – uma queda de 16% (48 mil hectares a menos) em relação ao mesmo mês de 2022.

A maior parte (87%) da área queimada no período foi em vegetação nativa, principalmente formações campestres, que responderam por mais da metade (56%) da área queimada no mês passado. Dentre os tipos de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, representando 9% da área queimada em fevereiro de 2023.

A Amazônia concentrou a quase totalidade (90%) da área queimada no Brasil em fevereiro: 230 mil hectares. Mais da metade (59%) da área queimada nesse bioma foi em formação campestre.

As unidades de conservação que lideram o ranking de área queimada em fevereiro de 2023 são: Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO), ambos no Cerrado, e Parque Nacional do Monte Roraima (RR), na Amazônia.

Foto: Vinicius Mendonça/Ibama