André Baniwa é nomeado para demarcação de terra indígena
Portaria com a nomeação do líder da região do rio Içana, no rio Negro, saiu nesta sexta-feira. O convite partiu da ministra Sônia Guajajara
Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 31/03/2023 às 17:33 | Atualizado em: 31/03/2023 às 17:36
A Casa Civil da Presidência da República publicou nesta sexta-feira (31), no diário oficial da União, a nomeação do professor, escritor e líder indígena Andre Fernando Baniwa, de 52 anos.
Dessa forma, ele vai ocupar o cargo de diretor do departamento de demarcação territorial. O órgão está ligado à Secretaria de Direitos Ambientais e Territoriais do Ministério dos Povos Indígenas.
De acordo com o presidente da Federação das Organizações dos Povos Indígenas do Rio Negro (Foirn), Marivelton Baré, a nomeação de André Baniwa foi um convite pessoal da ministra do MIP, Sônia Guajajara.
No entanto, a ministra dos povos indígenas fez consulta a direção da Foirn que deu o aval para a nomeação. “Apoiamos está indicação de nosso líder baniwa”, disse Marivelton Baré.
A Foirn vem tentando, desde janeiro deste ano, emplacar nomes junto ao MIP para a superintendência da Funai do rio Negro, assim como para o distrito sanitário especial indígena (Dsei) na região. Até agora, não saíram as nomeações.
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Professor indígena
André Fernando Baniwa nasceu na comunidade de Tucumã-Rupitã, no alto rio Içana, São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas em 1971. É um professor, escritor, político e ativista indígena brasileiro, uma liderança do povo baniwa.
Após realizar os estudos em Manaus, tornou-se professor, nos anos 90, de sua comunidade de origem, como servidor da prefeitura de São Gabriel da Cachoeira.
Em meados de 1992, foi eleito segundo tesoureiro na fundação da Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi). Em 1996, André foi eleito presidente da Oibi, e reeleito duas vezes, em 2000 e 2004.
Foi bolsista da Fundação Ashoka (2001 a 2003) e, desde janeiro de 2005, é vice-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), com sede na cidade de São Gabriel da Cachoeira, onde mora atualmente com a esposa e cinco filhos.
Território indígena
Logo que o ex-presidente Bolsonaro assumiu o governo, em janeiro de 2019, André Baniwa e Marcos Apurinã escreveram uma carta em que desmentiam manifestações do presidente sobre as terras indígenas.
“Não é verdade que os povos indígenas possuem 15% de terras do território nacional. Na verdade, são 13%, sendo que a maior parte (90%) fica na Amazônia Legal. Esse percentual é o que restou como direito sobre a terra que era 100% indígena antes do ano de 1500 e que nos foi retirado. Não somos nós que temos grande parte do território brasileiro, mas os grandes latifundiários, ruralistas, agronegócios, que possuem mais de 60% do território nacional”, disse Baniwa na carta a Bolsonaro.
Os baniwas são hoje mais de 12 mil, e vivem em mais de 200 comunidades situadas na região limítrofe entre Brasil, Colômbia e Venezuela.
Foto: Divulgação/ Foirn