Mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Michelle Bolsonaro já pode bater no peito e se dizer cidadã do Amazonas a partir de hoje, dia 26. Deputados da Assembleia Legislativa (ALE-AM), portanto, aprovaram a proposta da bolsonarista Débora Menezes (PL) e lhe deram o título nesta data.
A sessão, contudo, foi sob visível constrangimento do plenário da ALE. Afinal, a aprovação de conceder a alta honraria a Michelle ocorre no mesmo dia e horário em que seu marido era interrogado pela Polícia Federal. O ex-presidente falou hoje de ataques golpistas ao sistema eleitoral do país, mas Bolsonaro já esteve na polícia para falar de joias, inclusive destinadas a Michelle, que entraram no país como contrabando.
A agora cidadã do Amazonas, portanto, seria destinatária do presente de R$ 16,5 milhões que Bolsonaro tentou, a todo custo e sem sucesso, retirar das mãos da alfândega no Brasil.
Então, é nesse contexto político que os deputados do Amazonas aprovam a homenagem a Michelle.
Contudo, ela não recebeu aprovação unânime, como é praxe na concessão dessa honraria do estado.
Dos 24 deputados da ALE-AM, cinco resistiram à ideia da deputada filha do compadre de Bolsonaro, o militar reservista Alfredo Menezes Júnior. Este é o que foi colocado pelo então presidente, em 2019, para superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Portanto, resistiram em ver Michelle Bolsonaro como cidadã do Amazonas os deputados:
Sinésio Campos (PT) Alessandra Campelo (PSC) Mayra Dias (Avante) Adjuto Afonso (União Brasil) Carlinhos Bessa (PV)
À frente da sessão, o presidente da ALE, Roberto Cidade (União Brasil), não votou.
Além deles, Débora Menezes também viu sua aliada Michelle se tornar cidadã amazonense sem o voto da colega Joana D’Arc (União Brasil). Ela se absteve.
Leia mais
Constrangimento parlamentar
Um outro detalhe que revelou o constrangimento da casa legislativa foi o tempo de tramitação da proposta da bolsonarista. Normalmente, as comissões dão aval à concessão do título em poucos dias.
No caso de Michelle, todavia, levou quase dois meses. O projeto de Débora foi apresentado em 7 de março.
Diante de inúmeros protestos de entidades e da população quanto ao mérito do título à mulher de um presidente que não fez nada pelo Amazonas, além de perseguir e tentar extinguir a Zona Franca de Manaus (ZFM) e povos indígenas, a deputada bolsonarista defendeu sua proposta .
Alegou, por exemplo, que Michelle atuou durante quatro anos pelos povos e comunidades indígenas. Ela se referiu a doações feitas com recursos públicos por meio de programa social colocado nas mãos de Michelle.
Um novo constrangimento, ao parlamento e à própria Michelle, deve ocorrer quando o título lhe for entregue. É que isso precisa ser feito presencialmente.
Leia mais
Foto: reprodução/Facebook