Após chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), a denúncia de agressão verbal contra Yara Lins, presidente eleita do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), voltou a ser feita, desta vez no Congresso Nacional.
Nesta terça-feira (10), Yara participou de sessão solene em homenagem ao dia nacional de luta contra a violência à mulher no plenário da Câmara dos Deputados.
Desse modo, a conselheira de contas disse que sofreu insultos e palavrões, que teriam sido proferidos pelo colega de tribunal Ari Moutinho Júnior, no último dia 3 de outubro. Nessa data, Yara foi eleita, pela segunda vez, presidente do TCE-AM.
Conforme denúncia que fez na polícia, em Manaus, Yara disse ter sido vítima de misoginia, sendo chamada de “safada” e “cachorra” por Moutinho Jr.
“Senhoras e senhores deputados, na terça-feira passada, dia 3 de outubro, antes da eleição, quando concorri à presidência do tribunal de contas, sendo favorita, fui cumprimentar o meu colega [Ari Motinho Jr]. Ele, no entanto, me disse (sic) palavrões, agressões e eu apenas falei que ele era infeliz, por isso, que sofria tanto. Então, me retirei (sic) , fui para minha cadeira e precisei ser medicada”.
Por outro lado, disse que relutou para fazer a denúncia na Polícia Civil do Amazonas, mas por ser a única conselheira mulher do TCE-AM, além de dar exemplo às colegas e servidoras do tribunal, foi à delegacia fazer a queixa para que o agressor pudesse ser punido.
“Acredito na justiça de Deus, mas acredito também na justiça das autoridades do meu país”.
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Luta antimachista
Ao ocupar a tribuna da Câmara, o deputado federal Fausto Júnior (União Brasil-AM), que é filho de Yara Lins, disse que os homens e toda a sociedade têm a responsabilidade e o dever de combater o machismo, a misoginia, todo e qualquer tipo de violência contra as mulheres seja ela física ou verbal.
“De todo modo, qualquer forma de agressão, todo tipo de covardia com as mulheres deve ser punido, pois, quando uma mulher é agredida nós, os filhos, também sofremos a mesma agressão”.
De acordo com o que disse na Câmara dos Deputados, todas as providências cabíveis já foram tomadas e espera a punição do agressor.
Apoio institucional
A Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ) publicou uma nota condenando os insultos proferidos contra Yara pelo conselheiro Moutinho Jr., que classificou sua conduta como machista e inaceitável.
A entidade afirmou a importância do dever de respeito e urbanidade que deve guiar a atuação de todos os profissionais, especialmente daqueles que atuam em instituições públicas.
Além disso, o União Brasil Mulher também divulgou nota de repúdio ao conselheiro, destacando a indignação com suas ações e o apoio à vítima. A nota diz que tais comportamentos não podem ser tolerados nem negligenciados.
Nas redes sociais, diversas figuras públicas, incluindo a gestora Amanda Vettorazzo, do União Brasil de São Paulo, e parlamentares do partido, como as deputadas Rosângela Moro (SP) e Silvye Alves (GO), utilizaram suas plataformas para expressar repúdio ao agressor e solidariedade à vítima.
O conselheiro Ari Moutinho Jr. foi procurado pelo BNC Amazonas para se manifestar a respeito da denúncia de Yara Lins, mas até a publicação desta matéria não houve retorno nem resposta.
Foto: divulgação