A Associação dos Agricultores Familiares do Alto Urupadi, na comunidade Brasiléia, zona rural de Maués (a 267 quilômetros de Manaus), é a primeira associação de agricultura familiar do Amazonas a contar com o aporte de R$ 67 mil por meio da captação de investimento via tokenização de cadeias produtivas.
O valor captado será destinado para a formação de estoque de uma tonelada de guaraná selvagem.
O recurso também foi o primeiro a ser captado pela recém-criada startup amazonense ForestiFi, pioneira no Norte do Brasil na aplicação do modelo de negócio.
A tokenização é a transformação de ativos das cadeias produtivas na Amazônia em tokens digitais.
Esses ativos podem incluir recursos como terras, florestas, água, energia renovável e até mesmo espécies ameaçadas de extinção.
A ideia é estender o modelo de negócio para outras cadeias produtivas da região, como, por exemplo, a do pirarucu, cacau e açaí.
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Como funciona
Os tokens digitais, de acordo com a startup, são unidades de valor criadas e gerenciadas em uma blockchain específica (um sistema descentralizado que cria registros digitais à prova de violações ou manipulação de dados, com total transparência).
Os tokens representam ativos ou direitos e podem ser utilizados para uma variedade de propósitos.
O co-founder da ForestiFi, Glauco Aguiar, disse que a tokenização de ativos da natureza tem por objetivo oferecer uma forma mais eficiente e transparente de gerenciar e comercializar esses recursos naturais.
“Por meio da tokenização é possível verificar a propriedade, o valor e os direitos de uso de forma digital. Esses tokens podem ser comprados, vendidos, negociados e transferidos de maneira segura e confiável por meio da tecnologia blockchain, além de garantir oportunidades para que as associações de agricultores possam conseguir linhas de crédito junto ao mercado”.
No cenário do mercado inovador, a tokenização é considerada a tecnologia que hoje melhor simboliza a ponte entre o mundo dos negócios e o ecossistema cripto (criptomoedas).
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Melhorias a agricultores
Com o investimento captado pela startup ForestiFi, a associação de Maués terá capital de giro para formar estoque, agregar valor ao guaraná torrado e efetuar uma venda em condições melhores de mercado (entressafra) e/ou com maior valor agregado (em pó ou em barra).
Segundo a entidade, parte do montante recebido será destinado para pagar os produtores que trabalharam na colheita e no beneficiamento do guaraná selvagem de Maués.
Nós enxergamos uma boa oportunidade com a parceria da ForestiFi e demais parceiros. Estamos contentes porque agora teremos recurso financeiro para fazer os nossos estoques do guaraná, já que nos últimos quatro anos que comercializamos o nosso produto, nunca tivemos essa oportunidade. Começamos essa parceria com o planejamento para uma tonelada, mas a nossa produção média é de 10 a 20 toneladas de guaraná , disse o presidente José Cristo Oliveira.
O modelo de negócio inovador também conta com a participação de especialistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), institutos Acariquara e de Propriedade Intelectual da Amazônia (Ipiam).
Guaraná Urupadí
A associação produz o guaraná Urupadí, produto que já é comercializado no mercado e que impacta, diretamente, a vida de pelo menos 12 comunidades tradicionais no território do alto rio Urupadi, no município de Maués, no Amazonas.
Cerca de 60 produtores familiares, entre fundadores e associados, fazem parte da entidade. E, aproximadamente, 160 famílias são beneficiadas com a produção do guaraná selvagem naquela localidade.
Segundo a associação, o processo de produção do guaraná orgânico segue a tradição e técnicas milenares de domesticação do guaranazeiro, baseadas no sistema agrícola tradicional.
As mudas selvagens são coletadas no próprio território e transplantadas nos guaranazais para a domesticação.
O presidente da Associação, José Cristo revela que “o próximo passo será a certificação orgânica do guaraná para a comercialização do produto com valor agregado e também certificado”.
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O processo de tokenização
O co-founder da ForestiFi, Glauco Aguiar, aponta que o processo de tokenização dos ativos das cadeias produtivas da Amazônia acontece em etapas até a captação final junto aos investidores.
A primeira fase acontece com a identificação de parceiros. Assim, procuramos as associações e parceiros que trabalham com produção familiar sustentável e que necessitam de crédito para melhorar sua produção. Em seguida, acontece uma série de verificações das vendas anteriores (due diligence), das condições de trabalho, das certificações e de outras informações que dão segurança aos investidores .
Na terceira fase, segundo a startup, vem a estruturação jurídica do token que é feita entre a associação e a ForestiFi. Em seguida, a associação solicita a emissão de tokens na plataforma da startup e, na sequência, é feita a verificação para a emissão dos dispositivos.
A ForestiFi realiza todas as verificações necessárias para confirmar a emissão dos tokens e, depois é feita a listagem desses dispositivos na plataforma. Na sequencia, os tokens são disponibilizados aos investidores com as condições previstas nos contratos (carência, taxas, rendimento etc) .
Conforme a startup, o processo de tokenização possui 100% de rastreabilidade na blockchain, garantindo a transparência para cada projeto.
O encerramento da captação de recursos acontece com a venda total dos tokens e a transferência do valor captado para a associação.
ForestiFi
No Amazonas, assim como acontece em toda a Amazônia brasileira, os agricultores familiares – que compreendem uma parcela importante da população rural da região -, enfrentam desafios significativos no que diz respeito à extensão rural da região, que são serviços essenciais para melhorar suas práticas agrícolas e produtividade.
Diante desse cenário e com a proposta de facilitar e potencializar os investimentos nas cadeias produtivas na Amazônia, a startup amazonense ForestiFi chega com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento dos negócios das pessoas que vivem, produzem e conservam a floresta amazônica em pé.
Consideramos esse modelo de negócio (tokenização) de relevante importância para a região amazônica porque, embora a associação para a qual será destinada a captação conte com toda uma estrutura e governança, ela ainda possui muitas dificuldades de acessar créditos no mercado por questões de segurança jurídica , disse o também co-founder da ForestiFi Macaulay Souza.
Para mais informações sobre a ForestiFi, basta acessar o site: https://www.forestifi.com.br/
Foto: PhotoCadismo/ForestiFi/divulgação