Amazônia quebra recorde de 20 anos em queimadas no primeiro trimestre
Os biomas brasileiros, incluindo Pantanal e Cerrado, registraram recordes históricos de queimadas nos primeiros seis meses de 2024, destacando uma grave crise climática.

Diamantino Junior
Publicado em: 26/06/2024 às 22:57 | Atualizado em: 26/06/2024 às 23:27
Os biomas brasileiros enfrentaram um aumento alarmante de queimadas nos primeiros seis meses de 2024, segundo um levantamento realizado pela WWF-Brasil. Na Amazônia, o período de janeiro a junho de 2024 viu 12.696 focos de queimadas, um aumento de 76% em comparação ao mesmo período do ano passado, marcando o maior valor desde 2004 (há 20 anos).
Este aumento ocorre após dois anos consecutivos de queda no desmatamento, sugerindo que a crise climática, marcada por uma seca severa desde 2023, esteja exacerbando as queimadas.
O Pantanal e o Cerrado registraram a maior quantidade de focos de incêndio para este período desde o início das medições em 1988 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
No Pantanal, entre 1º de janeiro e 23 de junho, foram detectados 3.262 focos de queimadas, representando um aumento de mais de 22 vezes em relação ao mesmo período no ano anterior. Este número é o maior já registrado na série histórica do INPE. Especialistas apontam que as alterações climáticas, o desmatamento e a influência do fenômeno El Niño, que traz um período mais seco ao Centro-Oeste brasileiro, são os principais fatores que colaboraram para este aumento significativo.
O Cerrado também enfrentou um aumento significativo, com 12.097 focos de queimadas registrados entre 1º de janeiro e 23 de junho, um aumento de 32% em comparação ao mesmo período de 2023. No Mato Grosso, foram detectados 2.441 focos, um aumento de 85% em relação ao ano anterior. A combinação de mudanças climáticas e o aumento do desmatamento, associado à expansão agropecuária, são apontados como as principais causas.
Em resposta à crescente crise, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, anunciou que a prática de “queimas controladas” para manejo, seja para pasto ou para qualquer cultivo, está proibida e será criminalizada nas áreas da Amazônia, Cerrado e Pantanal até os últimos meses do ano. A restrição está válida até 30 de novembro para a Amazônia e o Cerrado, e até 31 de dezembro para o Pantanal.
A temporada seca, que geralmente apresenta o maior número de incêndios entre agosto e outubro, com um pico em setembro, está apenas começando. Em 2020, o Pantanal sofreu com incêndios que consumiram um terço de sua área, resultando na morte de mais de 17 milhões de animais vertebrados. Em 2024, as condições climáticas desfavoráveis e as chuvas escassas indicam que o cenário pode se repetir, ou até se agravar.
O aumento das queimadas em 2024 evidencia a urgência de ações coordenadas para combater os impactos das mudanças climáticas e o desmatamento nos biomas brasileiros.
Medidas restritivas como a proibição de queimas controladas são passos importantes, mas é crucial que se adotem políticas de longo prazo para a preservação e recuperação dos ecossistemas afetados.
Leia mais na CNN Brasil
Foto: fotospúblicas