Homem da reforma da previdência ‘solta cachorros’ contra governadores

Publicado em: 06/06/2019 às 19:01 | Atualizado em: 06/06/2019 às 19:01
Mariane Veiga e Aguinaldo Rodrigues, da Redação
O presidente da comissão especial de reforma da previdência da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), não gostou nem um pouco de ver o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), criticar parlamentares que querem a saída de estados e municípios da proposta do governo federal.
Nesta quarta, dia 5, Dória chamou os parlamentares de “mesquinhos, personalistas, irresponsáveis do ponto de vista fiscal e eleitoreiros”.
“Eleitoreiro é quem não tem coragem de enfrentar essa pauta em seus estados e em suas assembleias e empurra o problema para a Câmara dos Deputados”, rebateu Ramos.
Completou dizendo, sobre o governador:
“Ele [Dória], quando era prefeito, encaminhou uma reforma da previdência, o povo pressionou e ele retirou. Isso, sim, é eleitoreiro. Ele retirou porque era candidato a governador”.
A declaração do governador paulista foi vista pelo deputado liberal como “agressiva, atrapalhada e desrespeitosa”.
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“Eles se acovardaram”
Em discurso na tribuna da câmara nesta quarta, Ramos já tinha “soltado os cachorros” para cima dos governadores em resposta a Dória e desagravo aos congressistas.
“Os governadores perderam a autoridade para tratar do tema quando não apresentaram suas reformas nas assembleias legislativas. Eles se acovardaram de apresentar essa pauta em seus estados, e agora tentam sustentar essa covardia na coragem dos deputados”.
Ramos citou em particular governadores do MDB, que fizeram manifestação pedindo uma data de votação da reforma da previdência na comissão.
“Governador tem de parar de achar que manda nesta casa. Não agimos por pressão de governador, nem de presidente [da República]”.
Veja o vídeo do discurso de Ramos
https://www.facebook.com/marceloramosam/videos/607326336344648/
Sandália da humildade
Nesta quinta, em entrevista à imprensa, Ramos voltou a se referir aos governadores dizendo que eles precisam “calçar a sandália da humildade” e pedir a deputados que façam a reforma que eles não tiveram coragem de fazer.
O presidente disse que depende do relator da comissão atender ao pedido dos governadores para que aguarde até o dia 11 para que divulgue seu parecer sobre se estados e municípios vão ser mantidos na proposta do governo.
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Início da votação da reforma
Ramos disse que os feriados vindouros podem jogar a votação da reforma da previdência na comissão para julho. Mas, não fechou questão. Disse que isso vai depender da articulação dos líderes partidários e também do que vai escrever o relator.
“O governo tem 52 votos do PSL e acho que 8 do Novo. Tirando isso, o governo não tem mais nenhum voto. Ouso dizer que a proposta do governo não tem 100 votos, mas o relatório da comissão certamente terá”, disse.
Caso o relatório seja apresentado no dia 10, a previsão inicial, Ramos disse que em 24 horas a comissão será convocada para a leitura. A votação pode durar até três dias, como aconteceu em 2017.
Com informações da Agência Câmara Notícias
Wilson assina carta
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), é um dos 25 que assinaram carta divulgada nesta quinta para apoiar a manutenção de estados na reforma da previdência. Só os governadores da Bahia (PT) e Maranhão (PCdoB) se negaram a assinar o documento.
Deputados têm feito pressão para que o trecho que trata da aposentaadoria dos servidores fique de fora do texto porque parte deles não quer arcar com o desgaste político de aprovar uma matéria considerada impopular.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil