O senador Omar Aziz (PSD), coordenador da bancada federal do Amazonas no Congresso e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos no Senado, recomendou cautela e evitar precipitação em julgar o conteúdo de conversas em rede social do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e membros do Ministério Público atuantes na operação Lava Jato.
Essas conversas foram obtidas ilegalmente por meios de crackers e divulgadas por um site neste domingo, dia 9. Omar esteve com Moro nesta segunda, dia 10, em Manaus, no encontro do ministro com o governador Wilson Lima (PSC) e secretários e o prefeito da capital, Arthur Neto (PSDB).
Para o senador, com a repercussão que o caso vai tomar, é preciso investigar porque o vazamento da conversa foi um erro “muito grave”. E cometerá erro maior quem se pôr a julgar o ministro antes das apurações devidas.
“Sou julgado muitas vezes precipitadamente, mas agora não dá para eu também entrar nessa, de julgar as pessoas precipitadamente. Eu confio muito no ministro Sérgio Moro, tenho conversado muito com ele e espero que tudo seja esclarecido”, afirmou ao repórter Israel Conte, do BNC Amazonas .
Ele sugeriu ainda que seja investigado o contexto completo das conversas vazadas. Omar se refere ao risco de que frases soltas, fora do seu contexto, podem gerar impressões equivocadas.
“Se você pegar só aquela frase [selecionada] vai dar um efeito totalmente diferente. Eu sempre fui contra isso. Por isso que muitas vezes as escutas feitas pela Polícia Federal, que são analisadas pelos técnicos, nem sempre é a realidade da conversa que você tá tendo”, afirmou.
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Defesa de Moro
Segundo Omar, não dá para julgar Moro por frases e porque no WhatsApp qualquer um fala coisas que não diria publicamente.
“Se você for me julgar, ou se eu for te julgar, ou julgar qualquer um pelo que escreve no WhatsApp, ou qualquer outro tipo de mídia, aí nós todos vamos ser condenados porque aqui ninguém é perfeito. De padre a pastor, a juiz, a promotor, a político, todos nós brincamos, compartilhamos coisas que não devemos, fazendo brincadeira muitas vezes”, disse.
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Lula e Lava Jato sem volta
O que mais preocupa Omar em relação às conversas é em relação ao ex-presidente da República Lula da Silva (PT), que cumpre condenação por corrupção e lavagem de dinheiro por Moro, quando este foi o chefe da Lava Jato em primeiro grau. O senador avalia que o grupo político de Lula vai se manifestar.
Contudo, o senador do Amazonas dá crédito a todo o trabalho desenvolvido pela Lava Jato. Não vê possibilidade de que esse vazamento das conversas do ex-juiz da operação venha a causar nulidade de qualquer ato, mas defende que se houve qualquer conluio, essas questões devem ser revistas normalmente.
“Ninguém aqui é tolo o suficiente para achar que uma conversa de WhatsApp vai acabar com uma investigação profunda. Se há erro de algumas pessoas, essas pessoas têm de responder pelos seus erros”, afirmou.
Foto: BNC Amazonas