Da Redação
O ex-ministro do Trabalho e ex-vice-governador de São Paulo Almino Afonso, de 90 anos de idade, recusou-se ontem, em Manaus, a comentar a fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) sobre a possibilidade de o governo Bolsonaro editar um “novo AI-5” caso a esquerda brasileira venha a agir no Brasil igual faz Chile contra o governo de Sebastian Piñera.
“Se o senhor me permite, eu não vou ser entrevistado sobre isso”, avisou, visivelmente indignado, ao ser solicitado a comentar a fala do deputado.
Em seguida, pedi desculpas e justificou a sua atitude: “É débil mental demais. É débil mental demais. Ou eu digo isso, ou estou dizendo o que não penso. Então me nego a dar entrevista sobre os Bolsonaro”.
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Almino Alfonso, amazonense de Humaitá, migrou para São Paulo aos 20 anos, e lá fez carreira política e intelectual.
Foi ministro do Trabalho e da Previdência Social no Governo João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964.
Depois do golpe, viveu 12 anos exilado na Iugoslávia, Uruguai, Peru, Chile e Argentina.
É autor de 16 livros, entre eles, 1964 na visão do ministro do Trabalho de João Goulart, lançado em 2014, “um documentário histórico, não de historiadores, mas de depoimento”, como ele mesmo define a obra.
“Escrevi sobre o golpe de 1964 com [seus] antecedentes [e] todos os fatos que interferiram, a meu ver, direta ou diretamente [para o golpe]. Desde o período Getúlio Vargas ao problema do petróleo, e todos os problemas que tiveram significação propulsiva nas diferenças políticas de ponta a ponta no País”, resumiu.
A questão “petróleo e não petróleo, monopólio e não monopólio”, segundo Almino Afonso, “foram temais centrais de golpe e não golpe”.
Nesse livro, o ex-ministro de João Goulart revela que esses temas alimentaram, também, as articulações subterrâneas do golpe.
Em Manaus, a editora Valer acaba de relançar um dos livros de Almino Afonso, Poesia d’água doce, composto por poemas da sua juventude antes veiculados no Jornal do Commercio (Manaus).
Foto: Reprodução/YouTube/Centro de Memória Trabalhista