Conselho de Ă©tica da CĂ¢mara tem recorde de processos em 2019
O nĂºmero de processos apresentados este ano Ă© o terceiro mais alto da histĂ³ria do conselho

Publicado em: 31/12/2019 Ă s 10:44 | Atualizado em: 31/12/2019 Ă s 11:29
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da CĂ¢mara dos Deputados teve um dos anos mais tumultuados da sua histĂ³ria em 2019. Foram ao todo 21 representações por quebra de decoro parlamentar, das quais 13 ainda estĂ£o em andamento e visam, sobretudo, deputados do PSL.
O nĂºmero de processos apresentados em 2019 Ă© o maior dos Ăºltimos 12 anos e o terceiro mais alto da histĂ³ria do Conselho de Ética da CĂ¢mara.
O em Foco destaca que o fato se deve ao clima de polarizaĂ§Ă£o polĂtica vivido pelo Brasil que ampliou as discussões entre os deputados e, consequentemente, o nĂºmero de processos levados ao conselho que tem como missĂ£o preservar a Ă©tica e o decoro parlamentar.
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O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi o campeĂ£o de representações: tem trĂªs processos em aberto, dois por conta da declaraĂ§Ă£o em que sugeriu a volta do AI-5 e um devido Ă briga travada com Joice Hasselmann (PSL-SP).
O dado de 2019 representa o mesmo volume registrado em 2005, quando o escĂ¢ndalo do MensalĂ£o estourou e gerou processos contra 23 deputados, inclusive Roberto Jefferson, JosĂ© Dirceu e Pedro CorrĂªa, que tiveram o mandato cassado.
Perdendo apenas para as representações decorrentes da MĂ¡fia das AmbulĂ¢ncias, que processou quase 60 deputados que desviavam recursos pĂºblicos atravĂ©s da compra de ambulĂ¢ncias, os chamados sanguessugas.
“Foi um ano de recorde de representações”, admitiu o presidente do Conselho de Ética, o deputado Juscelino Filho (DEM-MA), que credita essa marca ao saldo das eleições de 2018. “A CĂ¢mara sofreu uma renovaĂ§Ă£o muito grande e houve uma inversĂ£o no governo, que saiu da esquerda para a direita. Por isso, muitos parlamentares estavam com o Ă¢nimo Ă flor da pele. Houve muitos debates intensos, acirrados. E, consequentemente, muitas representações por excesso dos parlamentares dentro e fora da Casa”, avaliou.
“Esse nĂºmero reflete duas tendĂªncias que vĂªm se desenhando na polĂtica brasileira: a judicializaĂ§Ă£o polĂtica e a polarizaĂ§Ă£o polĂtica. O Conselho de Ética deixou de ser um ambiente de checagem tĂ©cnica de condutas nĂ£o esperadas de parlamentares para passar a ser um ambiente de politizaĂ§Ă£o e judicializaĂ§Ă£o de ações contra quem pensa diferente ou mesmo quando hĂ¡ uma ruptura polĂtica dentro dos partidos, avaliou o professor de ciĂªncia polĂtica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Felipe Nunes.
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Foto: Claudio Andrade/CĂ¢mara dos Deputados