Deputados do Amazonas mostram desconfiança com Secretaria da Amazônia
Anúncio de criação da secretaria, com sede em Manaus, repercute desde Brasília

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 14/01/2020 às 10:54 | Atualizado em: 14/01/2020 às 10:55
O anúncio do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de que a pasta criará a Secretaria da Amazônia, com sede em Manaus, divide opiniões e gera desconfianças sobre os objetivos da medida.
Sem entrar em detalhes, o ministro informou que o novo órgão vai descentralizar as ações federais do setor na região, com o objetivo de viabilizar a fiscalização e a promoção do desenvolvimento sustentável.
Para o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), a prioridade para o desenvolvimento sustentável da Amazônia passa, necessariamente, pelo investimento em pesquisa aplicada.
Ele criticou a decisão do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), de revogar, em maio do ano de 2019, o edital do novo Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA).
Passou desde então a ser controlado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Segundo Ramos, o CBA foi enfraquecido pelo governo federal “muito provavelmente por preconceito em relação às universidades e instituições de pesquisas”.
O deputado vê o órgão funcionando hoje com estrutura precária, sem condições de cumprir com seus objetivos.
A indicação de Salles para o cargo é um exemplo de como Bolsonaro coloca em certos cargos inimigos dos valores dos órgãos que ocupam. “Ele trabalha contra o meio ambiente”, disse Ramos.
E completou:
“Eu não me oponho à nova secretaria, desde que não se coloque como secretário alguém que seja contra a preservação da Amazônia”.
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Petista preocupado
Outro deputado federal do Amazonas, José Ricardo (PT), demonstrou preocupação com a criação da Secretaria da Amazônia.
“Tudo o que vier desse governo é para desconfiar. Assuntos ligados à Amazônia precisam ser melhor debatidos. Qual proposta queremos para a região? Defendo a exploração da riqueza que é floresta mantendo-a de pé”.
Ele disse que vai propor que a criação da nova secretaria seja debatida na Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia.
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Sobre o CBA
O órgão foi criado para desenvolver, em parceria com a comunidade científica e o setor privado, novas tecnologias a partir de pesquisas realizadas por uma rede de laboratórios regionais e nacionais.
Conforme o edital revogado, o CBA passaria a ser administrado pela Aliança de Bioeconomia da Amazônia (ABio), formada por várias entidades, entre as quais a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Fundação Oswaldo Cruz e Rede de Inovação e empreendedorismo da Amazônia (Rami).
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Foto:Divulgação/Assessoria de Marcelo Ramos