Sem provas, Bolsonaro diz que teve fraude em 2018 e ganhou no 1º turno

A fala do presidente reacendeu a estratégia de colocar em xeque a credibilidade da Justiça Eleitoral

Brasileiro negativo Sem provas, Bolsonaro diz que teve fraude em 2018 e ganhou no 1º turno

Neuto Segundo

Publicado em: 10/03/2020 às 11:03 | Atualizado em: 10/03/2020 às 11:03

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 9, durante evento nos Estados Unidos, que houve “fraude” nas eleições presidenciais de 2018 e afirmou ter provas de que venceu o pleito no primeiro turno.

A fala do presidente reacendeu a estratégia de colocar em xeque a credibilidade da Justiça Eleitoral, um discurso utilizado pelo próprio Bolsonaro na campanha daquele ano.

Bolsonaro chorou ao falar da facada que sofreu durante a campanha de 2018.

Ele disse ter provas de que houve fraude no primeiro turno das eleições.

 

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“Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu tinha sido, eu fui eleito no primeiro turno, mas no meu entender teve fraude”, afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro disse nos EUA ter “não apenas palavra”, mas não apresentou ou citou qualquer indicativo oficial para justificar sua fala.

O então candidato do PSL à Presidência da República venceu as eleições no segundo turno, quando obteve 55,13% dos votos.

No primeiro turno, Bolsonaro conseguiu 46,03% dos votos válidos, o que não foi suficiente para liquidar a disputa imediatamente.

Um ministro do TSE ouvido reservadamente pela reportagem ficou surpreso com o teor das declarações.

O magistrado avalia que o resgate do discurso é uma forma de instigar a militância bolsonarista.

Para um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), as declarações são “absurdas” e não fazem “nenhum sentido”.

Procurada pela reportagem, a assessoria do TSE não havia se manifestado até a publicação deste texto.

 

Voto impresso

 

Em setembro de 2018, Bolsonaro afirmou que as eleições daquele ano poderiam resultar em uma “fraude” por conta da ausência do voto impresso.

“A grande preocupação realmente não é perder no voto, é perder na fraude. Então essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez até no primeiro, é concreta”, declarou na época.

As declarações do então candidato levaram a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, a dar uma rara declaração pública.

A ministra afirmou que as urnas eletrônicas são “absolutamente confiáveis” desde a sua implantação, em 1996.

Por 8 a 2, a adoção do voto impresso foi suspensa em 2018 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O colegiado avaliou que a medida representa um risco ao sigilo do voto e à confiabilidade do processo eleitoral.

O veto ao voto impresso havia sido solicitado pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Indicado por Bolsonaro, o atual procurador-geral da República, Augusto Aras, já sinalizou reservadamente que deve mudar a posição do órgão e passar a defender o voto impresso.

 

Foto: Reprodução/Twitter